Os pais de Ashya King, o menino de cinco anos com um tumor cerebral levado pelos progenitores de um hospital britânico para Espanha, sem autorização médica, vão ficar sob detenção judicial por um prazo máximo de 72 horas, decidiu esta segunda-feira um juiz da Audiência Nacional.

A decisão foi tomada enquanto o tribunal recebia informação sobre o estado de saúde da criança, internada no Hospital e Maternidade de Málaga, segundo o qual esta se encontra estável, e documentação entregue pelo advogado dos pais, Juan Isidro Fernandez. Com base em todas estas informações é esperado que o juiz decida sobre uma eventual fiança a aplicar ao casal britânico, sob quem recaem acusações por parte das autoridades britânicas de maus-tratos a menores e ainda um pedido de extradição para o Reino Unido.

Brett e Naghemeh King foram detidos este fim-de-semana num hotel em Vélez-Málaga, onde se encontravam hospedados com os seis filhos. Na última quinta-feira, o casal retirou Ashya de um hospital em Southampton, contra a vontade dos médicos, e deixaram a Inglaterra inicialmente rumo a França. Temendo pela saúde de Ashya, a polícia britânica lançou uma grande campanha, divulgando fotos da criança e dos pais.

Num vídeo divulgado no Youtube pelos King e revelado no domingo, estes queixam-se da campanha da polícia, que os tratou publicamente como raptores, lançando uma “busca ridícula ”. “Como podem ver, não há nada de errado com ele. Ele está muito feliz desde que o tirámos do hospital. Está a sorrir muito mais, está a interagir muito connosco”, afirmou Brett King, com o filho ao colo.

O casal quer tentar um tratamento diferente para o seu filho, que não é comparticipado pelo serviço de saúde do Reino Unido. O tratamento, que os pais afirmam ser menos agressivo que a radioterapia a que Ashya estava a ser submetido, seria realizado na República Checa.

No Reino Unido, Brett e Naghemeh King estão agora acusados de maus-tratos contra um menor de 16 anos, um crime que não é reconhecido pela lei espanhola, como sublinha o jornal El País.

Esta segunda-feira foi revelado um vídeo no Youtube feito por um dos irmãos da criança. Naveed King garante que os pais tinham todos os meios médicos para garantir apoio a Ashya até que este fosse de novo assistido numa unidade checa.

O Governo britânico está a acompanhar o caso. Um porta-voz de Downing Street afirmou que é “compreensível” que os pais procurem o melhor para os filhos e que as autoridades manifestem interesse por um caso em que pode estar em causa o bem-estar de um menor. “As pessoas compreendem e estão preocupadas com a grave doença de que Ashya sofre”.