Parlamento líbio pede intervenção estrangeira no país

Apesar dos combates que tomaram conta de Trípoli, nenhum governo ocidental pondera envio de força para a Líbia

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Os estrangeiros continuam a fugir da Líbia Esam Omran Al-Fetori/Reuters

O novo Parlamento líbio aprovou nesta quarta-feira uma resolução em que pede uma intervenção estrangeira no país para proteger os civis dos combates que tomaram conta de Trípoli e Bengasi. Uma decisão sem grandes efeitos práticos – nenhum país tem qualquer plano para intervir na Líbia –, tal como a moção que ordena a dissolução das milícias que controlam o país.

“A comunidade internacional tem de intervir imediatamente para garantir a protecção dos civis”, disse à AFP o deputado Abu Bakr Biira, citando a resolução aprovada por 111 dos 124 deputados que assistiram à sessão parlamentar. Eleito a 25 de Junho, o novo Parlamento tem sido boicotado por dezenas de deputados islamistas, o que impede a nomeação de um novo Governo, e por razões de segurança mudou-se para Tobruk, cidade no extremo leste do país, longe de Trípoli e da violência.

O caos em que a Líbia vive desde 2011, com os grupos de rebeldes que derrubaram Muammar Khadafi transformados em milícias detentoras do poder real no país, deu lugar a uma guerra aberta entre duas facções rivais. Os combates começaram depois de, em meados de Julho, forças islamistas ligadas à cidade de Misurata terem tentado tomar o aeroporto de Trípoli, nas mãos de um grupo oriundo da cidade de Zintan, próximo do bloco nacionalista. Mais de 200 pessoas terão morrido já nos combates, que transformaram a zona sul da capital num campo de batalha e levaram os governos ocidentais a fechar as suas embaixadas.

Apesar de a Líbia correr o risco de se tornar um novo Estado falhado, mesmo os países mais próximos têm demonstrado pouca vontade de intervir – o envio de soldados é algo que ninguém equaciona – e a própria ONU tem apenas Líbia uma delegação para tentar mediar um cessar-fogo.

Na sessão desta quarta-feira, os deputados exigiram também a dissolução de todas as milícias activas no país. Nem a polícia nem o Exército em formação têm meios para desarmar os rebeldes, pelo que a votação visa sobretudo retirar aos milicianos a legitimidade que lhe tinha sido reconhecida pelos últimos governos que, numa tentativa para as controlar, colocaram os seus homens na sua folha de pagamentos.

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