Vítor Bento: melhorar a casa para a vender

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Vítor Bento deixou a SIBS para assumir o BES/Novo Banco Sara Matos

Um dia, Vítor Bento acordou e era presidente executivo do segundo maior banco privado em Portugal (embora já com algumas dificuldades conhecidas), nomeado pelo maior accionista, a ESFG, detida pela família Espírito Santo, com o “empurrão” de algumas pessoas, como o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Poucos dias depois, quando se foi deitar, já era presidente de um banco com nome de anúncio de detergente concorrente, aqueles com que se compara mas não se pode dizer qual é a marca

Expurgado dos activos que passaram a buracos, o Novo Banco é um banco mais pequeno, até ao nível dos depósitos. E se o “banco mau” tem à sua frente um gestor cuja missão é tentar recuperar créditos, como especialista de uma comissão liquidatária, a missão de Vítor Bento é parecida, embora numa versão mais positiva: melhorar o valor do banco, de modo a que este seja vendido com o maior encaixe possível (i.e., aproximar-se o mais possível dos 4900 milhões aplicados).

De convite a presidente executivo passou a gestor provisório, com mandato de dois anos, o mesmo período temporal que o Governo deu ao Fundo de Resolução para resolver a questão da alienação. Para já, Vítor Bento está a ser obrigado a reagir aos acontecimentos, havendo ainda várias questões por esclarecer, como o reembolso do papel comercial do GES vendido aos clientes do BES, sobre o qual o Banco de Portugal ainda não se pronunciou.

Outra decisão, de importância para a PT e seus accionistas, é o que fazer com os 10% que detém na operadora de telecomunicações, em processo de fusão com a Oi. Vender assim que puder, um pouco mais tarde, ou como recheio do Novo Banco? A questão envolve uma possível entrada de capital para o banco, mas uma alteração de forças na PT/Oi. Tapados os alçapões, Vítor Bento tem ainda muito com que se ocupar nos próximos tempos, a começar por falar directamente aos depositantes e investidores, explicando não só a segurança, mas as eventuais vantagens de não migrarem para instituições concorrentes com marca e historial bem implementados.

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