Défice da balança comercial cresceu 20% para 4900 milhões no semestre

Valor agravou-se em 823 milhões face a idêntico período de 2013.

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Uma paragem na refinaria de Sines prejudicou as exportações no semestre Miguel Manso
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As exportações aumentaram ligeiramente este ano, mas as compras ao estrangeiro subiram a um ritmo superior. Feitas as contas, Portugal acabou o semestre com um défice da balança comercial (a diferença entre exportações e importações) de 4900 milhões de euros, mais 823 milhões de euros do que em igual período do ano passado, o que significa um agravamento de 20%.

Esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os dados do comércio internacional relativos a Junho, completando assim o cenário relativo aos seis primeiros meses do ano. As exportações de bens tiveram um crescimento mínimo, de apenas 0,5% face ao primeiro semestre de 2013, totalizando 23.900 milhões de euros.

Por seu lado, as importações cresceram 3,4%, para 28,8 milhões de euros, uma má notícia para as contas nacionais. Um aumento do consumo, com, por exemplo, a aquisição de veículos automóveis ou de outros produtos importados, pode voltar a acentuar o desequilíbrio das contas com o exterior. 

A taxa de cobertura foi de 83,1% (menos 2,4 pontos percentuais face à primeira metade do ano passado), o que significa que por cada 100 euros importados, Portugal exportou bens e produtos no valor de 83,1 euros.

Já o mês de Junho foi de retoma nas vendas, tendo sido o primeiro desde Fevereiro em que as exportações registaram um crescimento homólogo. As vendas ao estrangeiro cresceram 8% face a Junho de 2013 e 3,8% em relação a Maio deste ano, graças sobretudo ao comércio de combustíveis minerais, vestuário, máquinas e aparelhos feito dentro da União Europeia.

No entanto, as importações aumentaram 9,6% face a Junho de 2013 e 1,4% em relação a Maio. Em termos absolutos, os 4,2 mil milhões de vendas registados em Junho fazem deste o melhor mês de 2014 em termos de exportação, mas foi também aquele em que mais se importou.

O balanço do primeiro semestre é penalizado por uma quebra na exportação de combustíveis, provocada por uma paragem de 45 dias na refinaria de Sines, da Galp, que veio ilustrar o peso que uma única empresa consegue ter nas contas da economia portuguesa, ao provocar, em Março, uma quebra acentuada na venda de combustíveis ao exterior e, por arrasto, das exportações.

A actividade já foi retomada, mas, entre Abril e Junho deste ano, os combustíveis foram a categoria de produto com pior desempenho, ao recuar 31% em termos homólogos. Em sentido inverso esteve a comercialização de produtos alimentares, que cresceu 2,7% no último trimestre, bem como a venda de máquinas, peças e acessórios, que melhorou 7,9%, e a venda de automóveis de passageiros, que foi 1,8% superior à verificada no mesmo período de 2013.
 
Compras à Alemanha sobem
Nas importações, a Alemanha reforçou a liderança como o principal fornecedor de Portugal, ao ver as compras dos seus produtos crescerem 16%, para 3700 milhões de euros. Distanciou-se, assim, de França, país ao qual Portugal comprou mais 9% de bens do que na primeira metade do ano passado. Ao mesmo tempo, as exportações para a Alemanha cresceram 2,3%. Ainda assim, na lista dos destinos de exportação, o mercado alemão perdeu a segunda posição para França, ainda que por uma distância muito curta. Ao contrário do que sucede nas trocas com a Alemanha, a taxa de cobertura face à França é positiva para Portugal.

Angola protagonizou a maior queda nos principais países de origem das importações portuguesas, com as compras a este país a caírem quase para metade. A descida foi provocada sobretudo por um corte na compra de produtos petrolíferos (um fenómeno ligado à retoma de actividade na refinaria de Sines), com os meses de Março e Abril a ficarem abaixo dos 100 milhões de euros em compras.

Nos seis meses em análise, a importação de petróleo bruto do mercado angolano caiu para 830 milhões de euros, face aos 1600 milhões de euros de 2013, voltando Portugal, principal abastecedor de bens deste país africano, a ter uma balança comercial positiva para o seu lado. Angola é, aliás, o principal destino dos produtos portugueses que seguem para fora da União Europeia, e, até agora, a subida dos preços alfandegários (com o objectivo de dinamizar a indústria local) parece não ter tido efeitos negativos.

Entre os principais países de destino das vendas portuguesas, o Reino Unido foi aquele em que foi registado um crescimento mais significativo, subindo 15%. No resto dos maiores mercados, o crescimento oscilou entre 5% em França e 1% nos EUA, país com o qual a União Europeia está a negociar um acordo comercial para redução das tarifas alfandegárias, num processo que deverá estar fechado no próximo ano.

Os Estados Unidos são actualmente o sexto país para que Portugal mais exporta, tendo comprado 986 milhões de euros em produtos ao longo do primeiro semestre, aproximadamente seis vezes menos do que Espanha (que encabeça a lista de destinos de exportação) e o equivalente a 4% do total.

As vendas para outros Estados-membros da União Europeia, que representa a larga fatia das exportações, tiveram uma evolução positiva de 2,3%, contrariando a queda sentida nas vendas ao resto do mundo, em que houve uma diminuição de 3,9%.

Do lado das importações, o valor total dos produtos comprados aos 28 países da união subiu 9%, contrastando com uma queda de 10,4% nas importações vindas de fora da UE. Com Luís Villalobos

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