Portugal quase não sente sanções russas

Rússia é o 15.º mercado para o sector agro-alimentar, que vende sobretudo para Espanha, Angola e França.

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Portugal não fornece quaisquer dados sobre presença de bactéria Campylobacter na carne de aves Fernando Veludo

Portugal exportou cerca de 50 milhões de euros de produtos agrícolas e alimentares para a Rússia ao longo do ano passado, de acordo com o Ministério da Agricultura e do Mar. O valor é mais do dobro do ano anterior, mas residual nas exportações deste género de produtos, significando apenas 1% do total.

Para a indústria agro-alimentar portuguesa, a Rússia é apenas o 15.º mercado, ainda segundo informação do ministério. As empresas do sector vendem sobretudo para Espanha, Angola, França, Brasil, Reino Unido. 

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas, as exportações portuguesas de produtos alimentares e bebidas para todo o mundo rondaram os 4300 milhões de euros em 2013. Os produtos de pesca e aquacultura totalizaram 160 milhões e as vendas de produtos resultantes da exploração agrícola e produção animal somaram 820 milhões. 

Vários dos produtos integrados naquelas três categorias do INE não estão abrangidos pelas sanções, como é o caso das bebidas alcoólicas. Mas, por exemplo, a exportação de carne para a Rússia – um dos produtos que está sujeito às sanções – rondou no ano passado os 7,8 milhões de euros, ao passo que, para todo o mundo, foram exportados 176 milhões. Já as vendas de lacticínios e ovos portugueses na Rússia foram de 6,2 milhões de euros, contra 330 milhões a nível global. E as vendas de fruta significaram 3,2 milhões, menos de um décimo da exportação total destes produtos.

“A Rússia era um mercado que começava a ser interessante”, diz o director da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares (FIPA), Pedro Queiroz, notando que, nos últimos anos, houve um crescendo de contactos bilaterais entre os dois países. Em Fevereiro deste ano, a ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, tinha estado em Moscovo, numa feira de produtos agro-alimentares, para promover as relações comerciais. Na altura, 70 empresas do sector estavam habilitadas a exportar para aquele país.

Pedro Queiroz, no entanto, ressalva que muitos dos contactos feitos na Rússia não se traduziram ainda em negócios. “Tudo isto é construído com o tempo. Quando se faz uma abordagem, não é no dia seguinte que se começa a exportar”. Por ora, refere, o importante é as empresas manterem as ligações estabelecidas com o mercado na Rússia. “É preciso não baixar os braços e alimentar os contactos que se foram estabelecendo”. 

O director da FIPA argumenta mesmo que “pode haver o impacto de perder exportações, mas também pode abrir outros mercados”. Adiantou ainda que a federação está a auscultar as empresas sobre o impacto que as sanções terão, mas afirmou ser cedo para conseguir quantificar as consequências. 

Questionado pelo PÚBLICO, o Ministério da Agricultura e do Mar afirmou que “continuará a trabalhar no sentido de abrir novos mercados para as empresas nacionais” e que “essa estratégia será, como sempre, desenhada em estreita colaboração com as empresas portuguesas, para que possamos continuar nesta fase de crescimento de exportações do agro-alimentar”.

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