A falácia das tréguas e o poder das armas

A forma pusilânime como Barack Obama falou ontem da guerra em Gaza é um bom exemplo do descrédito dos políticos numa solução alternativa à carnificina militar. Se John Kerry fez questão de anunciar, na véspera, uma trégua humanitária de 72 horas, no momento de tal anúncio era já óbvio que a trégua de nada serviria. Bastou uma troca de tiros entre militantes do Hamas e soldados israelitas para que os bombardeamentos recomeçassem e para que a lista de mortos se ampliasse em mais umas dezenas. O que prova que, na situação actual, onde uma só faísca vale um incêndio, qualquer anúncio de tréguas será vão. Porque, na verdade, o Hamas não o deseja; e o Governo de Israel, na ânsia de retirar ao Hamas todo e qualquer poder de fogo, também não. Apenas os civis hão-de ansiar aquilo que todos lhes negam: o direito a viver sem a permanente ameaça de serem feridos ou mortos. Sem nenhuma sorte: são as armas que detêm todo o poder.

Sugerir correcção
Comentar