UNITA receia utilização de dinheiros públicos na resolução de problema no BES Angola

Partido pretende a divulgação pública da lista com a origem do crédito malparado no banco.

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Álvaro Sobrinho esteve à frente do BESA durante mais de dez anos Raquel Esperança

A UNITA, o maior partido da oposição angolana, disse recear a utilização de dinheiros públicos para resolver o problema na carteira de créditos do Banco Espírito Santo Angola (BESA).

Este foi um dos assuntos focados numa conferência de imprensa dirigida pelo secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany, realizada nesta quarta-feira, em Luanda, para abordar o actual processo democrático em Angola.

No que toca à transparência e à prestação de contas, o dirigente da UNITA afirma que parte do crédito malparado que se regista no BESA "foi utilizado no património imobiliário em Angola, Portugal e finalidades inconfessas", sem que se conheça ainda "informação quanto aos beneficiários".

"No entanto, informações que circulam ditam que a origem do buraco foram empréstimos generosamente distribuídos a conhecidas figuras do regime angolano, dirigentes, portanto", disse o dirigente político.

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) admitiu a 17 de Julho que existe um "problema" na carteira de crédito do BESA – detido actualmente em 55,71% pelo BES português –, perspectivando a necessidade de um reforço de capitais. "Há um problema nesta altura identificado com a qualidade da carteira de crédito do Banco Espírito Santo [Angola]. Temos operações em situação irregular, operações de crédito malparado", disse José de Lima Massano.

O governador foi questionado pelos deputados da oposição sobre os relatos de um volume de crédito malparado naquele banco que poderia atingir os 5,7 milhões de dólares (4,1 milhões de euros) e que terá sido alvo de cobertura parcial por uma garantia soberana do Estado angolano.

Questionado pela agência Lusa, Vitorino Nhany disse que a UNITA está preocupada com esta situação, até porque a verba necessária para "tapar o buraco" será proveniente do erário público, especificamente do Fundo Soberano. "Isto é o que estamos a prever que aconteça, porque os deputados autorizaram um montante para o Presidente da República [limite financeiro para uma garantia soberana] e este praticamente multiplicou-o por dois", disse Vitorino Nhany.

Na mesma ocasião, na Assembleia Nacional, o Governador do BNA afirmou que aquela instituição está a ultimar a conclusão de uma avaliação à situação do banco angolano, mas admitiu um cenário de "reforço dos capitais por parte dessa instituição", entre outras "recomendações" para "mitigar as irregularidades e inconformidades detectadas" no BESA.

"Não está em causa nem a garantia dos depósitos constituídos junto do BESA nem as responsabilidades que esse banco tem perante terceiros. E muito menos a estabilidade do nosso sistema financeiro", disse Massano. Contudo, a UNITA exige que o BESA divulgue publicamente a lista com a origem do crédito malparado no banco.

 

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