Mais um round no Clube de Combate

Chuck Palahniuk confirmou ao diário USA Today que Clube de Combate vai ter a mais temida e desejada extensão de vida da cultura popular: a sequela

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Aquele sabonete cor-de-rosa como prelúdio anárquico do fantasma do terrorismo, aquele desvario perante a opressão (paterna) no final do século XX, era dos medos extremos versão Tyler Durden. Fenómeno cultural em livro e depois no filme que amassou a cara a Edward Norton, Brad Pitt e a um secundário mas bem maltratado e agora oscarizado Jared Leto, Fight Club é mais do que um poster num quarto pós-adolescente e que um romance (1996) de orgulho estatutário – mas já estamos a quebrar a primeira regra do Clube de Combate, que é não falar do Clube de Combate.

O primeiro a fazê-lo foi o próprio Chuck Palahniuk, que na semana passada confirmou ao diário USA Today que Clube de Combate vai ter a mais temida e desejada extensão de vida da cultura popular: a sequela.

Mas não é um segundo acto cinematográfico (o primeiro foi realizado por David Fincher em 1999) com estrelas com mais 15 anos em cima a passar testemunho à geração Facebook. É uma novela gráfica, escrita por Palahniuk, desenhada por Cameron Stewart e editada pela nobre Dark Horse passada dez anos depois da última vez que vimos Tyler Durden.

Se Fincher disse sobre a história que filmou que “Clube de Combate é sobre movermo-nos por uma sociedade desligada. É uma sátira”, Stewart considera que a nova narrativa é “tanto um comentário meta-ficcional à resposta cultural a Clube de Combate quanto uma sequela”.

Nela, a personagem principal que só conhecemos pelo nome da pulsão loira que o habita é casada e tem um filho de nove anos. Alguns elementos da sua vida mantêm-se: o filho é de Marla Singer e o grupo Project Mayhem, dedicado a aterrorizar, ainda mexe. O escritor de Asfixia conta que se Clube de Combate era toda “uma tirada contra os pais”, agora Palahniuk tem a idade do pai na época e quis saber como era estar desse lado do ringue. Tyler Durden contra a meia idade? “Tyler é algo que pode andar aí há séculos e não é apenas aquela aberração que lhe apareceu na cabeça”, defende Palahniuk. Será uma série de dez livros, a editar em Maio de 2015, e que resulta apenas da aproximação entre o romancista e a comunidade dos comics – foi aliás na ComicCon de 2013 que Palahniuk mencionou pela primeira vez a possibilidade de voltar ao tema e, a partir daí, não havia como voltar atrás.

No fim-de-semana passado, David Fincher e Palahniuk voltaram a San Diego para falar sobre Clube de Combate e Fincher resumiu a coisa em duas tiradas imediatamente partilhadas com o mundo via Twitter: “Quem que raio é que não quer ver as empresas de cartões de crédito explodir?”, perguntou sobre o final de Clube de Combate; a outra é uma delicada história familiar - “a minha filha tinha um amigo chamado Max. Ela disse-me que Clube de Combate é o filme preferido dele. Eu disse-lhe que nunca mais falasse com o Max”.

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