De certeza que já ouviu este nome. Há uns anos, o mundo parava, em suspenso, para maratonas da série “24” e Portugal não era excepção. Os fãs mais convictos passavam 24 horas diante da televisão, ansiosos para ver Jack Bauer salvar o dia. Por isso, este domingo, se sintonizou a sua televisão na Volta à França, terá associado o nome do ciclista da Garmin-Sharp ao do protagonista da série norte-americana. E este neozelandês, de 29 anos, está acostumado à confusão desde que, em 2010, chegou à Europa para perseguir o seu sonho.

As primeiras pedaladas deu-os ao lado do pai, com os dois a subirem as montanhas que rodeavam Parapara, no sul da Nova Zelândia. Aos 13 anos, participou na sua primeira corrida de BTT e nunca mais olhou para trás. Os bons resultados sucederam-se e a vaga na equipa nacional sub-23 de cross country, que participou nos Mundiais de 2006, foi uma consequência natural. As muitas horas passadas em cima da bicicleta, conjugadas com o estudo intenso para o curso de educação física, levaram-no ao esgotamento. Desiludido, abandonou o ciclismo e dedicou-se à música, como baixista da Dream Farm.

Seria um desencanto temporário. No ano seguinte, usou a bicicleta como parte da sua profissão de carteiro. E percebeu que, se quisesse ser ciclista profissional, teria de deixar o seu país. Em 2009, juntou-se à Kingsnorth International Wheelers, uma equipa belga amadora, e somou vários êxitos que lhe valeram um contrato com a Endura Racing. Ao voto de confiança da formação britânica, respondeu com o título de campeão nacional.

A camisola preta, com riscas verdes, destacava-se no meio do pelotão e, talvez por isso, em 2011, Bauer captou a atenção da Garmin-Barracuda. Trabalhador incansável da formação norte-americana, mereceu um lugar no “nove” do Tour do ano passado, uma edição que nunca irá esquecer, já que, à 19.ª etapa, caiu numa vedação de arame farpado. Resultado? Oito pontos no lábio e o rosto que arranca suspiros das adeptas do ciclismo deformado. Este ano, o corajoso Jack Bauer voltou e foi notícia, desta vez pelos seus méritos como ciclista.