Depois de madrugada com 40 mortos em Gaza, é declarado um cessar-fogo de duas horas

Anúncio surge após ofensiva num bairro de Gaza que durou várias horas. Israel planeia uma expansão da ofensiva.

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Israel vai intensificar acção em Gaza Jack Guez/AFP

Pelo menos 40 palestinianos morreram durante um bombardeamento das forças israelitas num bairro de Gaza, às primeiras horas da manhã deste domingo.

Após o ataque, a Cruz Vermelha propôs um cessar-fogo para que os corpos sejam recolhidos e os feridos possam ser tratados. Tanto o Hamas como Israel aceitaram declarar tréguas durante duas horas.

De início, a contabilização do número de vítimas apontava para as duas dezenas, mas os serviços de emergência revelaram ter contado, pelo menos, 40 palestinianos mortos e 380 feridos durante um ataque de várias horas.

Correspondentes no bairro de Shejayia, nos subúrbios de Gaza, descrevem ruas com cadáveres, incluindo crianças, no meio do lixo e de ruínas de edifícios, após aquele que terá sido o ataque mais mortífero desde que Israel iniciou uma ofensiva terrestre no território.

Várias pessoas enchiam o pátio do hospital Shifa, à procura de familiares e conhecidos. Diz a Reuters que milhares abandonaram Shejayia na sequência do bombardeamento.

Os militantes do Hamas – grupo armado que controla a Faixa de Gaza – continuaram a disparar rockets para alvos israelitas. Soaram sirenes em várias cidades do sul de Israel e na zona metropolitana de Telavive, mas não houve qualquer notícia relativa a baixas.

Entretanto, as Forças de Defesa Israelitas (IDF) anunciaram que vão enviar “tropas adicionais”, ampliando desta forma a ofensiva lançada na quinta-feira sobre a Faixa de Gaza. O tenente coronel das IDF, Peter Lerner, disse à BBC que a expansão da intervenção serve “para restaurar a segurança e a estabilidade dos cidadãos e habitantes de Israel”.

O objectivo da intervenção terrestre em Gaza, após dez dias de trocas de rockets entre os dois lados, é causar baixas junto do Hamas e destruir o sistema de túneis que o grupo utiliza para introduzir homens e armas em Israel.

No entanto, entre as 350 vítimas mortais – contabilizadas antes do ataque em Shejayia – conta-se uma maioria de civis, de acordo com a Organização das Nações Unidas; e destes têm sido as crianças as maiores vítimas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tem encontro marcado este domingo com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, no Qatar.

No Cairo continuam as conversações, mediadas pelo Egipto, com o Qatar e a França, para colocar fim ao conflito, mas o impasse mantém-se. Após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no sábado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, reconheceu que um acordo está longe de ser concretizado. “Infelizmente, posso dizer que os apelos para um cessar-fogo não foram ouvidos e, pelo contrário, há o risco de mais mortes de civis, que nos preocupa”, declarou o ministro francês.

O Hamas faz depender qualquer acordo de tréguas do fim ao bloqueio fronteiriço imposto à Faixa de Gaza por Israel e pelo Egipto.

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