É preciso pôr termo à guerra na Ucrânia

O criminoso abate de um avião civil devia obrigar a comunidade internacional a agir sem demora.

Uma tremenda tragédia voltou a colocar todas as atenções do mundo sobre a Ucrânia. Desde logo, porque o abate de um avião civil com 298 pessoas a bordo não é um “erro” de guerra, é um crime sem pretexto nem atenuante e tem de ser encarado como tal. A troca inútil de acusações entre o Governo de Kiev e os separatistas, bem como a ameaça de novas sanções à Rússia (que, descartando quaisquer responsabilidades, mantém os rebeldes na sua orla de influência), só servirão para adiar a resolução do problema. Que passa, no curto prazo, por medidas claras da comunidade internacional: encarar, como alguns por precaução já haviam feito, o Leste da Ucrânia como uma zona de guerra (logo, desviar todos os voos civis para outras rotas); permitir aos observadores da OSCE o acesso ao local onde se encontram os destroços do avião civil abatido, para que possam fazer o seu trabalho de reconhecimento (o facto de os rebeldes terem impedido esse acesso só reforça a convicção de que partiu das suas hostes o míssil que atingiu o avião); desarmar, por intimação ou pela força, os bandos que insistem em impor a sua “lei” em territórios sobre os quais não possuem a mínima legitimidade; e obrigar a uma definição rápida e clara das potências face à guerra de secessão ucraniana, uma guerra sem chefes, potenciadora de crimes sem controlo e factor de permanente instabilidade. O abate do avião da Malaysia Airlines, no seu terrível saldo mortífero, devia ser suficiente para que não se perdesse mais tempo no arrastar deste conflito. A Rússia não pode permanecer, como até aqui, a fingir que não controla os homens que se batem por retalhar a Ucrânia em proveito do Kremlin. E o mundo não pode sossegar enquanto na Ucrânia não houver uma definição clara de poderes, com a reposição da legalidade (uma legalidade democrática, não a “legalidade” imposta pelo terror das armas) em todo o território.

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