Reitores defendem reavaliação global da oferta e da procura nas universidades

O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, defendeu esta quarta-feira uma reavaliação global da oferta e da procura nas instituições do ensino superior e uma análise ao impacto das qualificações.

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Para a 3.ª fase há ainda mais de cinco mil vagas no superior José Carlos Coelho

"Tem de haver uma reavaliação global da oferta e da procura e também do impacto das qualificações. Mais uma vez, estamos em cima da hora para os jovens se inscreverem [no ensino superior]. Não foi por falta de empenhamento do CRUP em discutir e analisar as vagas. Em síntese, acho que isto está a ser feito bem à portuguesa", refere António Rendas a propósito da divulgação pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) do número de vagas disponíveis para a 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior.

Universidades e politécnicos públicos vão disponibilizar 50.820 vagas para os candidatos ao ensino superior na 1.ª fase do concurso nacional, menos 641 lugares do que os 51.461 colocados a concurso no ano lectivo de 2013-2014. Também o número de alunos candidatos ao ensino superior tem vindo a diminuir desde 2010, havendo em 2012 menos 6.739 concorrentes que naquele ano, de acordo com dados apurados no final da terceira fase.

"Estou preocupado como cidadão e muito porque há um problema de qualificação superior para os nossos jovens, mas isso tem a ver com uma mensagem que deve ser passada por todos, ou seja, que uma qualificação superior é um passaporte para um salário maior, para um futuro melhor", explicou à Lusa o presidente do CRUP. No que diz respeito às vagas, o responsável declarou que no conjunto das universidades e dos politécnicos não houve uma redução significativa.


"Temos de separar as universidades dos politécnicos. O nosso sistema é binário e temos papéis diferentes", disse.
Quanto à redução do número de jovens candidatos ao ensino superior, António Rendas sublinhou que a crise tem muita influência, mas existem mais factores a ponderar. "Claro que a crise tem influência e os alunos podem não conseguir pagar propinas, mas há questões de fundo que não têm que ver só com o pagamento da propina, têm a ver com a localização dos institutos, com o fato de haver ou não empresas ligadas às instituições. É como a notícia da natalidade: não se resolve apenas fazendo mais filhos, mas no conjunto da sociedade", sustentou.


De acordo com o MEC, as engenharias, as ciências empresariais e a saúde são as áreas de formação com maior oferta de vagas. Os dados divulgados pelo MEC indicam que a lista dos cursos com mais lugares a concurso é liderada por Direito com 480 vagas e enfermagem 320. O presidente do CRUP também constata que a oferta em direito é muito significativa. "Mas o que gostava de saber é quantos graduados existem. O CRUP já pediu dados sobre este assunto. Nós precisamos saber quem entra e sai das instituições. É preciso saber se o investimento feito valeu a pena, que produto final é que tem", concluiu.

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