Socialistas às avessas na Península Ibérica

O PSOE primeiro escolhe o líder e depois o candidato. O PS escolhe o candidato, e depois o líder

Este fim-de-semana, em Espanha, os socialistas do PSOE escolheram Pedro Sánchez para ocupar o lugar de Alfredo Pérez Rubalcaba, que resolveu abandonar a liderança do partido depois da derrota dos socialistas nas europeias. Pedro Sánchez tem agora dois desafios imediatos: primeiro, preparar o processo de escolha do candidato à chefia do Governo que será feito em primárias abertas, eventualmente em Novembro; e, depois, no caso de uma liderança única ou bicéfala, o maior desafio de Sánchez é tentar recuperar o eleitorado socialista. O PSOE teve 11 milhões de votos nas últimas eleições legislativas que venceu, em 2008, e em Maio teve apenas três milhões e meio.

Por cá, os socialistas estão a passar por um processo semelhante, só que de pernas para o ar. A inscrição de simpatizantes arranca hoje. Primeiro, os socialistas vão fazer as primárias e escolher o candidato do PS para primeiro-ministro. E só depois se discutirá a liderança do partido. Este processo às avessas de escolha da liderança interna tem dois problemas. Primeiro é muito longo – os dois candidatos (até ao dia 15 de Agosto ainda podem aparecer mais) já estão em campanha há um mês e terão mais dois pela frente, o que é manifestamente muito tempo. Segundo, se António Costa ganhar as primárias, António José Seguro já disse que se demitiria do cargo de secretário-geral. Isto significa que, depois das primárias, o partido teria ainda de convocar um novo congresso para escolher o líder interno, que poderia ser Costa ou não.

Ao contrário do PSOE em Espanha, por cá os socialistas ganharam as autárquicas e as eleições europeias, embora neste último caso por uma margem estreita. Mas partem para as legislativas com ambições de as ganhar. Mas este processo de disputa interna, aos solavancos e que se arrasta no tempo, fará com que o partido chegue a 2015 já bastante desgastado.
 

  



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