Novos aparelhos de radioterapia vão permitir que IPO de Lisboa trate mais 1000 doentes

Unidade vai contar com mais dois aceleradores lineares que vão permitir reverter parte do envio de 2400 doentes para o sector privado. Anúncio chega quando IPO acaba de receber também um novo equipamento PET-CT, destinado a diagnóstico de tumores.

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O ministro lembrou que a área oncológica vai precisar de mais meios no futuro Paulo Pimenta

O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa recebeu luz-verde por parte do Ministério da Saúde para avançar com a compra de dois novos aceleradores lineares, que se vão juntar aos quatro que esta unidade já tem. O investimento na área de radioterapia foi estimado em cinco milhões de euros e vai permitir que cerca de 1000 dos 2400 doentes que são agora encaminhados para tratamentos no privado voltem a ser totalmente acompanhados pelo IPO. Durante uma visita nesta segunda-feira ao IPO, o ministro Paulo Macedo anunciou, ainda, que estão a estudar mais investimentos no valor de 5,5 milhões na requalificação da instituição.

O presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa explicou que a unidade conseguiu “uma adenda ao contrato-programa, um financiamento suplementar que permitirá financiar os aceleradores lineares e completar o investimento que estava previsto na radioterapia”. Falta agora a autorização formal por parte do Ministério das Finanças. Parte destas verbas vêm do reforço de 300 milhões de euros que a tutela conseguiu na semana passada para os hospitais do sector empresarial do Estado e que visam, além do pagamento de dívidas em atraso, o investimento em áreas prioritárias.

Se a resposta da tutela de Maria Luís Albuquerque chegar ainda durante o mês Julho e seguir logo todo o processo para o Tribunal de Contas, Francisco Ramos acredita que será possível ter o primeiro acelerador a funcionar dentro de quatro meses e o segundo até ao final do primeiro trimestre de 2015, já que exigirá mais obras. “É [um investimento] muito importante até para o equilíbrio financeiro do IPO, pois a principal fonte de desequilíbrio é o envio de doentes para serviços de radioterapia em unidades privadas”, disse o administrador.

Segundo dados adiantados ao PÚBLICO pelo director clínico do IPO de Lisboa, João Oliveira, as actuais quatro máquinas de radioterapia permitem tratar cerca de 3500 doentes por ano. Contudo, em 2013 foi necessário enviar 1700 doentes para fazerem estes tratamentos no sector privado e, neste ano, perante o aumento de casos, estima-se que ao todo sejam enviados 2400 novos doentes.

Novo aparelho de diagnóstico a funcionar
O anúncio das aquisições foi feito nesta segunda-feira pelo ministro da Saúde durante uma visita às instalações do IPO de Lisboa para assinalar também a inauguração de um novo equipamento PET-CT (um exame destinado ao diagnóstico por imagem através da emissão de positrões), que era aguardado há mais de quatro anos, e a conclusão das obras de remodelação de um piso de internamento, no valor de dois milhões de euros cada.

O IPO de Lisboa, que tinha sido há mais de uma década o primeiro hospital do país a contar com um aparelho de PET, foi agora o último a receber esta nova máquina mais moderna de tomografia por emissão de positrões, como destacou durante a visita do ministro a directora do Serviço de Medicina Nuclear. “Fomos o último serviço de Portugal que tinha esta tecnologia e que não tinha esta actualização”, reforçou Lucília Salgado, que explicou que a máquina marca uma “nova era”, ao permitir fazer melhores diagnósticos em cancros como o do pulmão, esófago, linfomas ou melanomas, entre outros, bem como orientar a terapêutica necessária para vários tumores. Até agora, a PET que o IPO tinha permitia fazer 1500 exames por ano, um número que com o reforço subirá para 2500, passando o instituto a acolher também doentes do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (hospitais de Santa Maria e Pulido Valente).

Ainda sobre os aparelhos de radioterapia, Paulo Macedo admitiu que falta a resposta final do ministério das Finanças e do Tribunal de Contas para a instalação poder avançar, mas destacou a importância do investimento para uma área cada vez com mais doente. “Temos uma doença oncológica que está a aumentar e mais pessoas precisam de radioterapia. No Porto temos uma capacidade de radioterapia positiva e aqui em Lisboa precisávamos de aumentar”, disse o ministro, que não se comprometeu com datas concretas.

Questionado sobre o atraso na PET-CT, Paulo Macedo contrapôs que “é um orgulho enorme o país poder fazer estes investimentos depois da crise em que esteve”. E aproveitou para dizer que a tutela está também a estudar formas possíveis de conseguir verbas para investir um milhão de euros no alargamento na unidade de transplantação de medula óssea e outros e 5,5 milhões de euros na centralização dos vários laboratórios do IPO num único edifício para que os espaços libertados sejam canalizados para funções assistenciais.

Campanha de recolha de sangue
A visita de Paulo Macedo marcou também o arranque de uma campanha de dádiva de sangue nos IPO de Lisboa e do Porto. Com o mote “Por uma vida com mais sentido” a campanha, que decorre até sábado, pretende levar mais pessoas a dirigirem-se a estas unidades para doarem sangue. Francisco Ramos adiantou que as reservas que o IPO tem são suficientes, mas reforçou a importância de se manterem os actuais níveis em épocas de férias como a que se aproxima. Paulo Macedo também apelou a que os portugueses contribuam, insistindo que “todos nós já tivemos familiares ou amigos que precisaram de sangue”.

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