Presidente do Eurogrupo diz que é preciso separar águas na crise do BES

Jeroen Dijsselbloem veio afirmar que o banco não é a fonte de problemas, mas sim o grupo.

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Dijsselbloem referiu que a banca se encontra hoje em melhor estado para aumentar o crédito à economia PETER MUHLY/AFP

Depois de Angela Merkel, também o presidente do Eurogrupo fez nesta sábado uma referência à crise no BES, alertando para a necessidade de separar águas entre o banco e a instabilidade no Grupo Espírito Santo (GES).

Numa entrevista a uma rádio da Holanda, citada pela Reuters, Jeroen Dijsselbloem, que é ministro das Finanças daquele país, afirmou que é o grupo “que tem problemas e não o banco”, acrescentando que “em termos de riscos, [o BES] está razoavelmente isolado do grupo de que faz parte”. O presidente do Eurogrupo referiu ainda que o BES “já está recapitalizado”.

Estas declarações foram feitas após um apelo à banca europeia para que abra a torneira à economia. O presidente do Eurogrupo considera que “o capital que os bancos têm de garantir para suportar perdas não impede que emprestem dinheiro”, acrescentando que “esse é um argumento recorrente do sistema financeiro que não é correcto”.

Dijsselbloem referiu que a banca se encontra hoje em melhor estado para aumentar o crédito à economia. “Os problemas reais já foram largamente resolvidos”, afirmou.

Centrando-se especificamente no sistema bancário holandês, o presidente do Eurogrupo disse ainda que “está em cima do sector”, nomeadamente no que se refere à cultura dos prémios. “Tivemos muitos problemas com maus investimentos e tudo isto foi causado pela cultura dos bónus, com elevados custos para a economia”, rematou.

Já a chanceler alemã aproveitou neste sábado a crise que o Grupo Espírito Santo (GES) para alertar para os riscos de maior flexibilidade nas metas do défice e da dívida, que têm vindo a ser sugeridas por alguns países, nomeadamente França e Itália. Angela Merkel referiu, sem mencionar explicitamente o BES, que “o exemplo de um banco português mostrou-nos nos últimos dias como os mercados se agitam, como a incerteza volta rapidamente e como ainda é frágil a construção do euro”.

Na sexta-feira, a agência Moody's cortou o rating da dívida BES de Ba3 para B3 e o rating de depósitos de Ba3 para B2 por causa de "preocupações com a credibilidade do banco, que são acentuadas com a falta de transparência no estabelecimento de protecções (ring-fencing) contra quaisquer problemas que surjam na sua empresa holding ESFG ou em qualquer outra entidade do grupo".

Também a canadiana DBRS seguiu o mesmo caminho, baixando a notação financeiro do ESFG, que detém 25% do BES, de BBB- para B. A descida de cinco níveis foi explicada em comunicado pela agência com a existência de “preocupações significativas acerca da deterioração da situação financeira do grupo, com um elevado nível de incerteza em torno da extensão das exposições entre as empresas e as ligações a outras entidades do GES”. 

Os efeitos colaterais desta crise não se fazem sentir apenas na esfera do GES. Além dos impactos na PT, que tem sido castigada em bolsa pela aplicação de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte (que pertence ao grupo), outras entidades estão profundamente expostas a esta instabilidade. 

Tal como o PÚBLICO noticiou neste sábado, a Caixa Geral de Depósitos tem uma exposição de 300 milhões de euros a empresas do GES.

 

 

 

 

 
 

 

 

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