O contágio da crise no BES

PSI 20 acumulou queda de 10% na última semana.

Quando a turbulência nas acções do BES e da holding Espírito Santo Financial Group (ESFG) parecia ter acalmado, o clima de instabilidade voltou a ensombrar as negociações na Bolsa de Lisboa e fez eco nos mercados internacionais.

A queda a pique das acções do BES forçou a suspensão dos títulos na quinta-feira e durante algumas horas da manhã seguinte, dia em que a cotação da ESFG esteve pelo segundo dia consecutivo sem negociar.

A situação de crise no grupo – e a falta de informação sobre a exposição do BES ao ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) – transformou-se num foco de preocupação no mercado: teve repercussões na trajectória das outras cotadas do PSI-20, no comportamento do sector financeiro nas praças europeias e na avaliação das agências de rating ao BES.

Feitas as contas, o principal índice da bolsa lisboeta perdeu 10,08% face à semana anterior. Das suas 20 cotadas, apenas os CTT valorizaram (1,49%).

As maiores quedas da semana pertenceram ao BES, à ESFG e à PT, as três empresas que estão no olho do furacão da crise no GES. Os títulos do banco afundaram 36,04%, (baixando para 0,481 euros), as acções da holding recuaram 28,44% (para 1,185 euros) e a cotação da operadora de telecomunicações perdeu 20,30% (para 1,834 euros).

O PSI-20, que nos primeiros meses do ano chegou a registar um desempenho melhor do que outros índices de referência na Europa, acumula já uma contracção de 6% desde Janeiro.

O BES acabaria por esclarecer na quinta-feira à noite que tem uma exposição de 1200 milhões de euros a empresas do GES. Mas nem a informação prestada ao mercado, nem as mensagens de tranquilidade do Banco de Portugal e do próprio primeiro-ministro em relação aos depositantes evitaram uma nova queda dos títulos na sexta-feira (5,5%). Até terça-feira, continua proibida a venda de acções do BES a descoberto. 

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