Cavaco quer ir mais longe com Espanha e Felipe VI lembra vítimas do desemprego

O monarca agradeceu a hospitalidade que recebeu o Conde de Barcelona, seu avô, nos tempos do exílio no Estoril durante a ditadura franquista.

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Fotos Daniel Rocha
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Durante a primeira visita de Felipe VI a Lisboa, esta segunda-feira, o Presidente da República manifestou o desejo de que Portugal deve ir mais longe na cooperação com Espanha. Já o monarca espanhol, entre louvas às relações bilaterais, destacou as vítimas do desemprego provocadas pela crise nos dois países.

“Portugal e Espanha conhecem-se hoje melhor e trabalham muito melhor em conjunto, mas nem tudo, por certo, está feito”, disse Cavaco Silva aos brindes no final do banquete oferecido aos reis de Espanha no Palácio da Queluz que juntou 120 convidados. “Podemos ir mais longe na nossa cooperação e na nossa coordenação”, prosseguiu o Presidente: “Manteremos, pela nossa parte, a ambição e o empenho na construção de um futuro de relações cada vez mais estreitas e frutuosas”. Por seu lado, Felipe VI destacou a existência, nas duas sociedades, “de um inaceitável aumento do desemprego”.

O monarca espanhol que, depois da visita ao Papa Francisco no Vaticano, iniciou em Lisboa um périplo pelas capitais dos países vizinhos, também recordou o “tecido de vínculos de todo o tipo” entre a Espanha e Portugal. No entanto, enquanto Cavaco enumerou os pontos da cooperação – das trocas comerciais aos fluxos turísticos, das universidades à cultura, dos transportes aos recursos hídricos, da energia à ciência -, o monarca enfatizou outros aspectos. “A plena superação desta crise [económica] e, em especial, do desemprego, representa um dos principais desafios colectivos dos nossos dois países que tanto os cidadãos portugueses como os espanhóis abordam com coragem, esforço e sacrifício”, disse.

Se Cavaco Silva enalteceu a “renovação geracional” que representa a recente proclamação do novo monarca e a sucessão de Juan Carlos, Felipe VI assinalou o compromisso de ambos os países “com a democracia, os direitos humanos, a paz, a liberdade, a justiça e a igualdade”. Factores que considerou como “guia de actuação dos nossos Estados de Direito (…) e da nossa projecção para além das nossas fronteiras”.

Onde, assinalou numa referência à União Europeia, os dois países “se reencontraram há pouco mais de um quarto de século, depois de muitos anos de trajectórias paralelas mas sem os devidos lugares de encontro e convergência.” Numa intervenção bilingue, o Rei não esqueceu o testemunho de apreço familiar, ao agradecer a hospitalidade ao Conde de Barcelona, seu avô, no exílio no Estoril durante o franquismo.  

A visita de seis horas à frente de uma delegação de 14 membros, a que se seguirá uma futura estadia mais prolongada do Chefe de Estado espanhol em Portugal pois o convite de Cavaco foi prontamente aceite, decorreu entre solenes promessas de continuidade nas boas relações entre os dois países. O Presidente da República anteviu, de manhã, em Belém, que as duas capitais peninsulares vão “continuar por esse caminho“. Felipe VI, monarca que gosta de deixar títulos de imprensa nas suas intervenções, lançou mais um: “Fazer valer a história que nos antecede e potenciar o futuro.”

Tudo foi plácido durante a jornada. O dia estava ameno, após um domingo chuvoso. Mas o calor à beira Tejo provocou estragos na guarda de honra da GNR: dois agentes tiveram de ser assistidos. Um ainda saiu da formatura pelo seu pé. O segundo, mais jovem, que estava na primeira linha, teve de ser amparado para não cair. Foi socorrido por um responsável da segurança portuguesa e por uma agente de Madrid. Foi imediata a preocupação da comitiva espanhola, cujo oficial de ligação se interessou pelo estado do militar. Momentos depois, acompanhado por superiores e pelo seu pé, o jovem militar abandonou o Palácio de Belém onde fora atendido por uma equipa do INEM.

”É com alegria que sempre venho a Portugal”, garantiu o monarca espanhol. À chegada, com evidente à vontade, quando passava junto de uma das duas tribunas de imprensa, fez questão em cumprimentar os jornalistas com um portuguesíssimo “bom dia” e um sorriso. Ambiente distendido, de concórdia. Até ocorreu coincidência harmónica e discreta no tom dos vestidos de Maria Cavaco Silva e Letízia Ortiz. Ambas com conjunto de saia e casaco, a esposa do Presidente de tom bege, a Rainha num azul claro. Mantiveram um curto programa próprio, num encontro esta manhã com Paula Brito Costa, presidente da Federação das Doenças Raras de Portugal, de que Maria Cavaco Silva é madrinha. Um mal que afecta cerca de 800 mil portugueses. Por seu lado, Letizia preside à associação espanhola. Uma área de interesse comum.

 

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