Acções da PT voltam a cair para valores de há 18 anos

Títulos da PT desceram 14,5% em quatro sessões. S&P baixa outlook do BES para “negativo”.

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Queda acções e sai dos administradores da Oi surge no meio do processo de fusão entre as empresas João Gaspar

As acções da Portugal Telecom voltaram hoje a sofrer uma pressão negativa na sessão bolsista, com os títulos a caírem 3,1% para 2,47 euros, o nível mais baixo de há mais de 18 anos.

Nas últimas quatro sessões, as acções caíram 14,5%, depois de, no dia 26 de Junho, terem estado nos 2,89 euros. A queda está ligada à exposição da PT à Rio Forte, holding não financeira do Grupo Espírito Santo (GES). Após as primeiras notícias que foram divulgadas sexta-feira,  a empresa gerida por Henrique Granadeiro confirmou segunda-feira que aplicou 897 milhões de euros em papel comercial da Rio Forte, sem que tal fosse apresentado como transacção com parte relacionada (a PT é accionista do BES e vice-versa) e sem o conhecimento do conselho de administração (o órgão não executivo da PT também liderado por Granadeiro).

Otávio Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrez (accionista da Oi), que até ontem esteve sentado nos órgãos sociais da Portugal Telecom já confirmou que renunciou ao conselho de administração da empresa portuguesa depois de tomar conhecimento da aplicação nas holdings problemáticas do GES. Outro brasileiro, Fernando Magalhães Portella, acompanhou Azevedo no seu pedido de demissão da PT.

Esta informação veio acender ainda mais o fogo que se estendeu à volta da PT, depois de se ter ficado a saber que a empresa tinha sido infectada pelo dossier Espírito Santo, ao aceitar subscrever títulos de dívida de curto prazo de empresas da Rioforte, a holding do GES que concentra as insuficiências financeiras. A sociedade com sede no Luxemburgo viu recentemente chumbado pelo Governo um pedido de empréstimo de 2,5 mil milhões  que seria avançado pela CGD e pelo  BCP (que está sob apoios  públicos).

Esta quarta-feira, citado pelo jornal brasileiro Valor Econômico, Otávio Azevedo afirmou que já tinha planos para sair do cargo (a presidência da Andrade Gutierrez na Oi gerava um conflito de interesses), mas que acabou por renunciar devido ao facto de se ter sentido “desconfortável” com o investimento feito pela PT, com a qual a Oi está em processo de fusão, na holding da família Espírito Santo.

Azevedo afirmou ainda que, após ter informado Magalhães Portella da sua decisão, este responsável optou por tomar a mesma atitude. “Já tinha planos de deixar o conselho. Ao me sentir desconfortável por ter tomado conhecimento da operação, que não é pequena, apenas quando foi divulgada por comunicado à imprensa, achei que era hora de sair", disse o presidente do grupo Andrade Gutierrez, citado pelo Valor Econômico.

Recorde-se que a PT já tinha sido palco de outros investimentos polémicos, quando em 2009 o vice-presidente da CGD (então accionista da operadora), Jorge Tomé, administrador da PT, se demitiu do Comité de Investimentos da Previsão (sociedade que gere as responsabilidades dos serviços de saúde dos colaboradores da PT), depois de saber que foram investidos 75 milhões de euros em veículos da Ongoing.  Jorge Tomé criticou o investimento não só por ser de  risco, mas também por só ter sido comunicado ao Comité de Investimentos depois de realizado.

Além da PT, também a Oi foi penalizada em bolsa, tendo na terça-feira as acções preferenciais descido na bolsa de São Paulo para os 1,81 reais, atingindo um mínimo histórico.

Já o BES conseguiu recuperar parte das perdas dos últimos dias, subindo pela sua sessão consecutiva. Esta quarta-feira as acções ganharam 5,5% para os 0,723 euros, isto no dia que já não estava em vigor a proibição, imposta pelo regulador, do short selling. Mesmo assim, está ainda abaixo dos 80 cêntimos, barreira que quebrou dia 27 de Junho. Hoje, ao final da tarde, a agência de rating Standard & Poor’s efectuou uma revisão do outlook dado ao BES e ao BESI, passando de “estável” para “negativo”. De acordo com o comunicado emitido pelo BES, “os ratings de longo e curto prazo foram reafirmados em BB- /B”. Com Luís Villalobos

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