Novas paragens no comboio Celta não penalizam tempo de percurso

O Celta passa a parar em Nine, Viana e Valença e, pela primeira vez, deixa de haver troca de tripulação na fronteira.

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Comboio Celta liga Porto a Vigo Nelson Garrido

“Estação de Viana a Caminha. Número 25377. Comboio nº 421 pode avançar? Silva transmite”. “Estação de Caminha a Viana. Número 11345. Sim. Comboio nº 421 pode avançar. Oliveira transmite”.

O comboio 421 é o Celta, que liga Porto a Vigo, e é através de comunicações telefónicas deste tipo que é garantida a segurança da sua circulação. Os nomes são fictícios, mas é aos ferroviários que estão nas estações que compete gerir o trânsito dos comboios na maior parte da linha do Minho, que é de via única. A não existência de acidentes está totalmente dependente de meios humanos, apesar de haver redundâncias no sistema e de os maquinistas estarem contactáveis por rádio.

Foi por esse motivo que nove maquinistas portugueses e quatro espanhóis tiveram que fazer um curso intensivo, respectivamente, de castelhano e de português, a fim de poderem comunicar com os postos de comando de circulação dos dois países quando conduzirem o Celta entre Porto e Vigo. Uma novidade que vai ser implementada a partir de terça-feira quando, pela primeira vez, deixar de haver troca de maquinista na fronteira e um só destes profissionais conduzir o comboio de ponta a ponta.

Os sindicatos ferroviários espanhóis ainda protestaram por entenderem que o sistema de exploração ferroviário português (conhecido por cantonamento telefónico) era obsoleto devido a depender só de meios humanos. Mas a verdade é que, desde que cumpridas as regras, é seguro viajar de comboio nesta e noutras linhas onde ainda é utilizado este sistema, que tem origem no século XIX quando as comunicações eram feitas por telégrafo.

A partir de terça-feira, 1 de Julho, o comboio Celta, que desde há um ano ligava Porto e Vigo sem efectuar paragens comerciais, vai passar a poder receber e largar passageiros em Nine, Viana do Castelo e Valença.

As duas composições diárias em cada sentido, no entanto, não serão penalizadas no seu tempo de percurso porque a CP fez coincidir as paragens comerciais com as paragens técnicas a que os comboios estavam obrigados para efectuarem cruzamentos. Na prática, o Celta continua a parar nas estações, mas desta vez vai poder abrir as portas para a entrada e saída de passageiros.

A CP está ainda a ajustar os horários dos comboios suburbanos para Braga a fim de melhorar os tempos de espera na estação de Nine, que dá ligação à Cidade dos Bispos.

A possibilidade de o Celta poder servir estas três cidades é uma reivindicação dos autarcas desde a criação deste serviço. Descobrir-se agora que isso é possível sem penalizar o tempo de percurso só vem dar-lhes razão. Afinal, só o facto de este comboio ser uma iniciativa política, decidida ao nível de ministros numa cimeira ibérica é que impediu que as empresas CP e Renfe pudessem olhar para a sua gestão numa perspectiva comercial.

Um ano depois do seu lançamento, este serviço, que se realiza diariamente, já terá acumulado prejuízos superiores a um milhão de euros. As novas paragens vão poder ajudar a rentabilizar esta operação por via do aumento das receitas.

Do Porto para Vigo, o Celta sai de Campanhã às 8h15 e às 19h15 e em sentido inverso sai da estação de Guixar às 9h02 e 20h02.

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