Saída em 2015 "é tão especulativa que parece a abertura oficial da silly season", diz Portas

Líder do CDS não nega possibilidade de abandonar o Governo, mas tenta esvaziar notícias do PÚBLICO e do Sol.

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MP considerou que Portas, então ministro da Defesa, "excedeu o mandato" no negócio. NELSON GARRIDO

O vice-primeiro-ministro disse que o povo é que decidirá quais os políticos que ficam nas próximas eleições legislativas e que a possibilidade avançada sobre a sua saída em 2015 é tão especulativa que "parece a abertura oficial da silly season".

"Em Outubro de 2015 quem vai decidir sobre os políticos que ficam e os que saem é o povo, pelas simples razão de que há eleições e o povo julgará. Tudo o mais é tão especulativo que até parece a abertura oficial da silly season", disse à Lusa o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

O jornal Sol noticia esta sexta-feira que "Paulo Portas deve sair em 2015", escrevendo que "o vice-PM não tem vontade de ser candidato nas legislativas".

Isto depois do PÚBLICO ter divulgado, dias antes - quarta-feira no online e quinta-feira na edição impressa - a convicção que existe no CDS a convicção de que Portas deixará a liderança do partido antes das próximas legislativas, podendo não renovar a coligação pré-eleitoral com o PSD, desejada pelo partido de Passos Coelho.

Na altura, o PÚBLICO tentou obter uma resposta de Portas sobre estes cenários, mas sem sucesso. E fonte próxima da direcção do CDS disse apenas que "o mandato dado ao líder no congresso foi claro" e que, "no momento certo, o partido decidirá a estratégia para as eleições de 2015". 

O vice-primeiro-ministro não tem falado abertamente na hipótese de abandonar o partido antes das próximas legislativas nem revelou aos seus próximos qualquer decisão nesse sentido. Na última comissão política do CDS, no final de Maio, marcada a propósito dos resultados das europeias, muitos centristas defenderam a coligação pré-eleitoral com o PSD. Portas foi evasivo e nada disse. Remeteu essa discussão para um momento próprio.

Entre os dirigentes centristas cresce, no entanto, a convicção de que será muito difícil Portas repetir a coligação pré-eleitoral, concretizada nas europeias, com Passos Coelho nas próximas legislativas. Desde a crise do Verão passado que a coligação tem estado mais pacificada, mas ninguém nega que os dois líderes têm um problema de comunicação que não foi superado até agora. Politicamente, Portas pode considerar que a aliança pré-eleitoral é o que faz sentido, mas pessoalmente há dúvidas de que o líder do CDS tome essa decisão.

Essa ponderação entre a vontade pessoal e política ficou clara quando Portas foi questionado, no início do mês passado, pela Rádio Renascença, sobre se, com o fim do programa a 17 de Maio, considerava já ter pago “o preço da reputação”, depois de ter voltado atrás na sua demissão "irrevogável". Portas respondeu: “Só andamos com a cabeça levantada nesta vida, se a nossa consciência nos disser que, no balanço do que temos de conseguir e do que temos de transigir, estamos a fazer o que é devido, estamos a fazer o que é certo".

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