A selecção portuguesa embateu na realidade

Margem da vitória sobre o Gana não foi suficiente para chegar aos oitavos-de-final, apesar do triunfo da Alemanha sobre os EUA. Sobraram oportunidades a Cristiano Ronaldo, mas a eficácia deixou a desejar.

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Os adeptos já enchem as bancadas do Estádio Nacional, em Brasília REUTERS / Ueslei Marcelino
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Cristiano Ronaldo aquece antes da partida REUTERS / Ueslei Marcelino
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Apoiantes da selecção portuguesa REUTERS / Dylan Martinez
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Adeptos do Gana também prontos para o apito inicial REUTERS / Dylan Martinez
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No estádio todos esperam pelo início do jogo REUTERS / Jorge Silva
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Ronaldo contra Mensah, no jogo de hoje REUTERS / Jorge Silva
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Asamoah e Nani lutam pela bola REUTERS / Dylan Martinez
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Pepe salta com Abdul Majeed Waris ao seu lado REUTERS / Dylan Martinez
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Boye ajuda Cristiano Ronaldo, depois de ter chocado com o jogador português REUTERS / David Gray
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Ronaldo joga de cabeça REUTERS / Jorge Silva
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Ronaldo falha um golo REUTERS / David Gray
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Afful e Ronaldo em disputa no jogo de hoje REUTERS / Ueslei Marcelino
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João Moutinho tenta parar Badu AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Cristiano Ronaldo AFP PHOTO / CARL DE SOUZA
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Pepe em despique com o capitão do Gana, Asamoah Gyan AFP PHOTO / FRANCISCO LEONG
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Ruben Amorim e Majeed Waris lutam pela bola AFP PHOTO / EVARISTO SA
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João Pereira e Ayew, no jogo de Brasília AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON
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Badu e Ronaldo AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Ronaldo e Boye, mais uma vez AFP PHOTO / CARL DE SOUZA
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Pepe protesta REUTERS / Ueslei Marcelino
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Portugal passa para a frente no marcador, com autogolo de Boye REUTERS / Jorge Silva
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Ayew tenta ficar com a bola, com William Carvalho e João Moutinho a tentar impedir AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON
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Miguel Veloso AFP PHOTO / FRANCISCO LEONG
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Eder e Asamoah no ar REUTERS / Jorge Silva
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Bruno Alves e Abdul Majeed Waris abraçam-se depois de colidirem REUTERS / Dylan Martinez
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William Carvalho e Badu em despique AFP PHOTO / FRANCISCO LEONG
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Asamoah tenta ficar com a bola de João Moutinho AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Gyan e Ronaldo AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON
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Gyan marca na baliza portuguesa AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Asamoah enfrenta William Carvalho AFP PHOTO / FRANCISCO LEONG
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Miguel Veloso e Christian Atsu Twasam durante a partida desta tarde AFP PHOTO / FRANCISCO LEONG
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Pepe AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Ronaldo em mais um remate AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON
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Pepe e Waris AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
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Ronaldo mostra algum desalento REUTERS / Ueslei Marcelino

A selecção portuguesa fez o mínimo que se lhe exigia e conseguiu salvar a face, mas a vitória sobre o Gana (2-1) foi um fraco consolo para a equipa nacional, afastada do Campeonato do Mundo logo na fase de grupos. As melhores hipóteses de sobrevivência de Portugal no torneio organizado pelo Brasil passavam por uma vitória da Alemanha sobre os EUA – que se verificou – aliada a um triunfo necessariamente expressivo sobre o Gana. Foi nesta segunda parte que as contas falharam: a equipa de Paulo Bento precisava de muitos golos, mas saiu do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, com um exemplar solitário. Porque o golo que colocou a selecção em vantagem foi marcado na própria baliza, por um defesa ganês.

Ao terceiro e último jogo em solo brasileiro, Cristiano Ronaldo conseguiu mostrar a melhor imagem que se lhe viu neste Mundial. Mesmo não estando completamente bem do ponto de vista físico – e o capitão da equipa nacional terminou o jogo com dores – fez um golo, acertou na trave da baliza ganesa e desperdiçou mais uma mão-cheia de oportunidades. As situações de golo existiram e, tivesse havido mais eficácia, talvez a estadia de Portugal no Campeonato do Mundo fosse ligeiramente mais prolongada.

Cristiano Ronaldo, que distribuiu apenas um par de cumprimentos no final da partida e manteve-se à margem dos colegas, voltou a não esconder a frustração. Depois de já ter admitido que Portugal não é uma selecção de topo, a postura em campo do capitão da equipa nacional foi um espelho do que lhe vai na alma. Como correu por cada bola, por exemplo, mas também como ficou alguns segundos parado, de mãos na cintura, após um passe que João Pereira não percebeu, a olhar na direcção do banco de suplentes (59’). Era o mesmo Cristiano Ronaldo que há tão-só uma semana e meia espalhava confiança em Salvador da Bahia: “Sinto uma onda positiva à volta da selecção de Portugal. Sinto que as coisas vão correr bem. Este ano vai ser o ano de Portugal”.

As coisas não correram bem. E não foi o ano de Portugal. Mas Cristiano Ronaldo logrou atingir a meia centena de golos pela selecção e tornou-se no primeiro português a marcar em três fases finais de Campeonatos do Mundo, superando Pauleta e Simão Sabrosa, que marcaram em duas.

Depois de uma primeira ameaça, que acertou na trave da baliza do Gana, o capitão da selecção portuguesa travou um prolongado duelo com o guarda-redes Dauda. Nem sempre da forma mais ortodoxa, o guardião ganês levou a melhor sobre Cristiano Ronaldo, excepção feita ao golo do 2-1: Mensah fez um corte deficiente e Dauda afastou directamente para os pés do internacional português, que fuzilou a baliza. O guarda-redes voltava a ser traído por um dos seus defesas, tal como já tinha acontecido na primeira parte, quando Boye marcou na própria baliza, dando vantagem à selecção portuguesa.

Portugal superou com dificuldades um adversário que viveu dias no mínimo atribulados antes da partida. Desde a ameaça de boicote por questões relacionadas com pagamento de prémios a insultos e agressões físicas de jogadores a elementos da federação (que levaram à suspensão, por tempo indeterminado, de Muntari e Boateng), o Gana não teve tranquilidade. Gyan ainda amenizou as coisas com o golo do empate, aproveitando uma falha de Miguel Veloso para tornar-se no futebolista africano com mais golos em Mundiais: apontou o seu sexto, ultrapassando os cinco do camaronês Roger Milla.

O derradeiro episódio da participação de Portugal no Campeonato do Mundo não terminou sem um último acto na lamentável novela das lesões. Para além de Cristiano Ronaldo, que terminou a partida com dores, o guarda-redes Beto teve de ser substituído nos minutos finais do encontro. Entrou Eduardo, o 21.º dos 23 a somar minutos no Brasil. Só Neto e Rafa não tiveram oportunidade de entrar em campo.

O pano caiu sobre a quinta participação de Portugal em fases finais do Mundial. O cenário, Brasília, não podia ser mais adequado. Uma cidade idealizada, planeada de raiz, mas que falha no confronto com a realidade: não foi pensada para gente e para as suas necessidades quotidianas. Da mesma forma, a presença na selecção portuguesa que chegou ao Campeonato do Mundo do Brasil do vencedor da mais recente Bola de Ouro da FIFA ocultou a realidade, que era uma equipa impreparada para o que ia encontrar. Desde a aclimatação ao estado físico dos jogadores, falhou a abordagem a um grupo que não pode considerar-se composto por “papões”. Há muito sobre o que reflectir.

Ficha de jogo, estatísticas e comparação entre jogadores

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