Humberto Coelho afirmou nesta terça-feira em Campinas, onde está a base da selecção portuguesa durante o Mundial 2014, que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) quer que Paulo Bento se mantenha no cargo de seleccionador nacional até ao Europeu de 2016 e que não há qualquer cláusula no contrato que permita a rescisão com Bento caso Portugal não se apure para os oitavos-de-final.

"Esperamos que Paulo Bento nos leve à fase final do Euro 2016. Não sei o que Paulo Bento vai pensar amanhã ou depois de amanhã, têm de perguntar a ele e não a mim. As noticias falam de demissão, mas não há indício nenhum, não há intenção da federação em prescindir dos serviços de Paulo Bento", garantiu o vice-presidente da FPF.

Para Humberto Coelho, a derrota com a Alemanha no primeiro jogo condicionou muito a prestação da selecção portuguesa neste Mundial, considerando que a sobrecarga competitiva também foi um factor determinante: "Tivemos um mau resultado que condicionou. Não estivemos ao nosso melhor. Temos muitos jogadores a jogar em Espanha, alguns que estiveram na final da Champions, jogadores que tiveram lesões, é difícil trabalhar com jogadores que não estão a 100%. E no primeiro jogo sofremos um penálti e uma expulsão que condicionou tudo o resto. A equipa sentiu-se afectada."

Humberto Coelho frisou que a FPF não se arrepende das decisões tomadas no que diz respeito à escolha dos EUA como local de estágio antes da partida para o Brasil e de Campinas como base da selecção durante o Mundial. "Fizemos muitas viagens, vimos muitos sítios e escolhemos este. Achámos que tínhamos todas as condições para fazer um óptimo trabalho. O hotel tem todas as condições, é tranquilo e seguro, e está a 15 minutos do aeroporto e do centro de treinos. Não estamos arrependidos. A maior parte das selecções esteve nos EUA, onde jogámos com o México e ganhámos. O futebol não é uma ciência exacta", frisou o antigo seleccionador nacional.

Humberto Coelho também comentou as palavras de Cristiano Ronaldo a seguir ao empate com os EUA, em que o capitão da selecção fez algumas considerações sobre o valor real da equipa: "O Ronaldo está desiludido, é o expoente máximo do que é ganhar e sente que Portugal ainda não está em condições de ganhar. Temos jogadores de grande qualidade. Infelizmente, os jogadores não se encontraram a 100%. Mas nos últimos 15 minutos com os EUA tivemos muitos remates e posse de bola."

O "vice" da FPF também não coloca em causa o trabalho do corpo clínico da selecção: "Fui seleccionador e sei que os jogadores nunca estão a 100%, porque é uma época longa com competitividade. [Henrique Jones] é do comité médico da UEFA e tem um know-how que nos merece respeito. A federação não tem de dar palpites, tem de dar condições para que as coisas sigam em frente."

Humberto Coelho diz que o Mundial "ainda não acabou", mas garante que a FPF vai fazer um esforço para que as coisas corram melhor no futuro: "Queremos continuar a qualificar-nos. Ninguém está satisfeito, quando chegarmos vamos analisar com todos os departamentos. Não somos surdos, mas temos de analisar para melhorar, havemos de lá chegar. As expectativas eram demasiado elevadas. Estes jogadores fizeram um Euro 2012 brilhante, mas há situações que nos ultrapassam e que acontecem muitas vezes."