Paulo Bento: "Estar a falar das lesões todas é complicado"

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Dylan Martinez/Reuters

Paulo Bento (selecionador de Portugal)
 
"Clinicamente (Ronaldo) estava dado como apto, jogou os 90 minutos, não me parece que haja algum problema em relação a isso. Nem me parece que o que aconteceu no jogo tenha a ver com um ou outro jogador. Tem de ser avaliado de forma global. Não me parece que fosse por questão individual que empatámos.

Estamos numa situação extremamente complicada. Falamos de dependência de terceiros, de uma diferença de golos em relação às outras equipas que também é elevada. É a réstia de esperança que temos. Temos de continuar a tentar esgotar todas as possibilidades, que são poucas. Temos de manter profissionalismo até ao último minuto. Contra o Gana, temos de ter profissionalismo e carácter a toda a prova.

Se fossemos por uma parte apenas de oportunidades, podemos ter tido mais algumas. Na primeira parte, a grande oportunidade aconteceu mesmo no final e com eficácia total podíamos ter acabado com o jogo. Nunca é fácil ter duas oportunidades e marcar dois golos. Acho que nunca perdemos o controlo do jogo. Estávamos a ganhar, havia uma estratégia muito parecida entre as duas equipas, com um bloco baixo, até por factores climatéricos que não permitem determinadas estratégias.

Tivemos uma dificuldade grande em tapar a dinâmica do corredor direito. Tentámos Raul à esquerda e dois homens na frente e duas linhas de quatro para tentar impedir essa dinâmica. As coisas não melhoraram neste aspecto. Acabámos por sofrer um golo, com uma segunda bola. O segundo surge de alguma infelicidade nossa, da forma como os ressaltos ocorreram. Acabámos por chegar à igualdade, que é um resultado que se pode aceitar.

Estar a falar das lesões todas é complicado. Se falarmos de falta de ritmo, só podia ser o Hélder (Postiga). Ainda não sabemos de certeza se é grave. Os outros são jogadores que acabaram a época a competir. Não aparecem todas pelo mesmo motivo. Ao momento do jogo em que aparecem, como a do Hélder e do Hugo Almeida, que acabam por surgir em fases iniciais, não podem estar associadas ao cansaço. Muitas vezes as lesões musculares surgem de maus gestos, falta de coordenação. As lesões acabaram por limitar a gestão durante 45 minutos, por isso, acabámos por esperar tanto pela terceira substituição.

Não me parece impossível comparar os dois jogos. Num houve inferioridade numérica na primeira parte. O desgaste com a Alemanha foi diferente. Desta vez foi 11 contra 11, apesar de haver algumas condicionantes em termos climatéricos, que obrigaram as duas equipas a não pressionar tão alto.

Na primeira parte, mesmo a perder, os Estados Unidos optaram por não pressionar alto. Há outros factores que influenciam o rendimento de uma equipa. Não temos de levar tudo para o aspecto físico. Temos de destacar o aspecto mental, de reagir e conseguir o empate, que, mesmo assim, nos deixa numa situação complicada.

Não me aprece que este seja o momento para individualizar. Não há jogadores mais tristes do que outros, todos estamos com uma tristeza enorme. Se há que individualizar e criticar, tem de ser o treinador. Empatámos e perdemos uma grande oportunidade por questões colectivas.

Neste momento, o que temos de olhar é para dentro de nossa casa. Ver o que não estamos a fazer bem e não nos preocuparmos com o que vai acontecer no outro jogo (Alemanha e Estados Unidos qualificam-se com um empate). Com o tempo que tenho de futebol, o que jamais farei é desconfiar de colegas de competição. Alemanha e Estados Unidos a tentar ganhar e nós o mesmo com o Gana".

Jürgen Klinsmann (selecionador dos Estados Unidos)

"Foi um jogo emocionante. Todos os que tiveram a oportunidade de ter estado em Manaus, vão falar deste jogo por muito tempo. Se me dissessem que, à segunda jornada, teria quatro pontos, diria que era incrível. Até ao último momento, tínhamos seis, mas temos de ultrapassar isso.

Disse ao intervalo que estávamos a jogar bem e que iríamos marcar um primeiro golo e depois o segundo. Podíamos ter marcado quatro ou cinco com as oportunidades que tivemos.

Não vai haver entendimento para empates (com a Alemanha), a não ser que aconteça o que aconteceu hoje. As duas equipas vão tentar vencer para conquistar o grupo. Se não fosse aquele golo, já estaríamos apurados. Em quatro dias vai haver um encontro emocionante no Recife.

Estes finais de jogo são muito emocionais. Um Mundial é isto. Temos de viver estas emoções e andarmos para a frente. Não vamos falar mais de Portugal, acabou, temos de pensar como vamos jogar com a Alemanha, daqui a quatro dias. Foi uma pequena desilusão, mas temos de seguir em frente.

Estamos a falar de um jogo que está a décadas atrás [Alemanha venceu por 1-0 a Áustria no Mundial de 1982, resultado que apurou as duas equipas, afastando a Argélia]. É um jogo que está no passado da Alemanha e não tem nada a ver com os Estados Unidos, que entram para vencer em todos os jogos. Vamos para Recife com ambição e vontade de vencer.

Não vai haver esse telefonema. O Joachim (Low, selecionador da Alemanha) está a fazer o seu trabalho e eu o meu, somos amigos, mas não vai haver esse telefonema. Não há tempo para telefonemas de amizade.

O nosso objetivo é chegarmos à segunda ronda e vamos dar tudo o que temos para fazer isso. Vimos o que a equipa fez hoje e esta equipa pode surpreender ainda mais equipas no Mundial".

Tim Howard (guarda-redes dos Estados Unidos e melhor em campo)

 "Penso que temos um pé (nos oitavos de final). Há algum desapontamento, mas temos todas as hipóteses de nos qualificar. Estamos onde queríamos, que era chegar ao último jogo com hipóteses.

Ele (o Cristiano Ronaldo) fez um bom cruzamento. É um jogador com quem temos de ter cuidado. O treinador fez um plano de jogo e penso que o cumprimos na perfeição. Portugal não nos causou grandes dificuldades. Tivemos as melhores oportunidades, o melhor controlo".

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