O fim da era Espírito Santo no BES?

O Banco de Portugal impôs uma administração sem elementos da família Espírito Santo.

É um marco na história da banca portuguesa. Aos 70 anos, e duas décadas depois de ter assumido funções de presidente, o reinado de Ricardo Salgado à frente do Banco Espírito Santo, aparentemente, chega ao fim. Os accionistas do banco vão reunir-se no próximo dia 31 de Julho, para votar uma nova comissão executiva. O consenso – o possível dentro da família e o imposto pelo Banco de Portugal – levou a que Amílcar Morais Pires, o actual administrador financeiro do banco, e um homem muito próximo de Ricardo Salgado, fosse proposto para ser o novo presidente o banco. Para chairman, entra o deputado do PSD Paulo Mota Pinto.

E para onde vão os elementos da família que saem da administração? O banco vai criar um novo órgão consultivo, o conselho estratégico, para onde transitam, e a liderá-lo estará Ricardo Salgado.

Este desfecho é um culminar de dois fenómenos que, nos últimos tempos, têm marcado a vida do banco, e não pelas melhores razões. Uma guerra de poder dentro da família, entre Salgado e o primo José Maria Ricciardi, e, por outro lado, um sem-número de casos que, nos últimos meses, vieram a lume, como a ocultação de 1200 milhões de euros de dívida na holding da família que tem sede no Luxemburgo ou as alegadas irregularidades no BES Angola. Temas que estão a ser investigados pelas autoridades bancária e judicial.

A pergunta que se impõe nesta altura é a de saber se este virar de página significa o fim dos problemas no banco. E a resposta vai depender do poder que terá o novo conselho estratégico. Se for muito além do papel de mero órgão consultivo, o Banco de Portugal arrisca-se a ter mudado tudo para ficar tudo na mesma. Por alguma razão terá Carlos Costa imposto o afastamento dos elementos da família da gestão directa do banco.
 

  

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