Sampaio, Santos, Alegre e Vera pedem uma “solução mais rápida” no PS

A defesa da aceleração do processo eleitoral de escolha entre Seguro e Costa é pedido por Jorge Sampaio, Almeida Santos, Manuel Alegre e Vera Jardim.

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Jorge Sampaio acabou por dissolver a Assembleia da República Sérgio Azenha

Jorge Sampaio, António Almeida Santos, Manuel Alegre e José Vera Jardim divulgaram esta quinta-feira uma tomada de posição pública sobre o PS em que assumem que a “urgência do país” exige que o PS resolva a sua contenda de liderança com “uma solução mais rápida” do que aquela que está prevista pela direcção do partido e que foi proposta pelo actual secretário-geral, António José Seguro, e que passa pela realização de primárias para a escolha de um candidato socialista a primeiro-ministro.

A declaração a que o PÚBLICO teve acesso e que é assinada pelo antigo líder do partido e ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, pelo presidente honorário do PS e antigo presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos, pelo ex-candidato presidencial em 2006 e em 2011 e ex-vice-presidente da Assembleia da República, Manuel Alegre, e o ex-ministro da Justiça, Vera Jardim, afirmam que, “sem pretenderem ultrapassar os órgãos nacionais, apelam a que os socialistas não se enganem de adversário e a que o debate se faça num clima de respeito mútuo, como é tradição do PS”.

Pronunciando-se sobre o confronto que nasceu do desafio de disputa de liderança lançado por António Costa a António José Seguro, na sequencia do resultado das eleições europeias, os quatro dirigentes históricos do PS  “apelam também ao espírito de diálogo no sentido de ser encontrada uma solução mais rápida e compatível com as urgências do país”. Assim, frisando que “o debate interno é desejável”, alegam que ele “não pode arrastar-se tanto que suspenda o papel do PS no debate democrático nacional”, pois “um partido não existe para si mesmo” e “a sua prioridade é sempre Portugal.”

 As quatro personalidades do PS defendem: “A actual situação interna do PS exige uma rápida clarificação, por forma a que o seu excessivo prolongamento não venha prejudicar a responsabilidade nacional do partido e a enfraquecer ainda mais a nossa já debilitada democracia.”

E lembram que “a grave situação do país precisa de um PS em condições de exercer plenamente as suas responsabilidades como principal partido da oposição, tendo em vista a criação de uma alternativa política capaz de mobilizar os portugueses para um novo ciclo com mais esperança, solidariedade e coesão social.”

Cresce apoio às directas e congresso extraordinário
A favor de uma reunião magna extraordinária e de eleições directas pronunciaram-se ontem os coordenadores representantes de 14 das 22 secções que o PS tem nas comunidades da Europa e fora da Europa. Quatro destas estruturas são contra um congresso e outras quatro ainda não tomaram uma posição.

“Conscientes do período delicado que o partido vive internamente”, estas secções apelam ao “secretário-geral e à direcção do PS para que criem as condições necessárias para que se realizem tão rápido quanto possível eleições directas e o respectivo congresso para definir a liderança. Dado que essa é uma prerrogativa estatutária, devia ser o próprio secretário-geral a tomar a iniciativa de propor eleições directas e congresso”.

O pedido de directas antecipadas e congresso extraordinário foi feito, em primeiro lugar, pelos apoiantes de António Costa na Comissão Política Nacional de 31 de Maio, e desde então tem sido seguida por várias federações distritais.

O presidente da Câmara de Lisboa conta neste momento com o apoio das federações de Castelo Branco, Évora Portalegre, Faro, Vila Real e Lisboa, mas há outras distritais que estão com Costa, como é o caso de Braga, que esta quinta-feira à noite reune a sua comissão política distrital, e dos Açores, que tem agendada para sexta-feira a sua comissão política regional.

Embora o presidente da distrital de Braga, Fernando Moniz, apoie a estratégia de António José Seguro, há muitos dirigentes concelhios e distritais que defendem um congresso extraordinário para a eleição do secretário-geral.

O presidente da mesa da distrital de Braga, Mesquita Machado, diz que “Braga tem uma posição muito clara sobre o que se está a passar no PS e que vai à Comissão Nacional tomar uma posição política para que o secretário-geral do PS saiba aquilo que as pessoas pensam”.

O ex-presidente da Câmara de Braga lamenta os “discursos na praça pública do secretário-geral com declarações que raiam o insulto”, declara que os “estatutos do PS prevêem a realização de um congresso extraordinário” e diz que acima de tudo a “direcção deve pensar no interesse do partido".

Para esta sexta-feira à noite está também convocada uma reunião da distrital de Beja e é provável que também esta federação venha aprovar uma proposta com vista à convocação de um congresso extraordinário. E para os próximos dias estão já marcadas mais duas: Leiria (na segunda) e Federação Regional do Oeste (na terça-feira).


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