O mapa-mundo de Eduardo Souto de Moura

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Este livro foi primeiramente pensado como um Atlas. Acabou por ficar a meio caminho entre essa "ambição desmesurada de uma colecção imaginária infinita" e uma publicação mais convencional, com textos e imagens. Mas o que não é nada convencional é, de facto, a abordagem que "Eduardo Souto de Moura. Atlas de Parede. Imagens de Método" faz do método e do lugar em que diariamente trabalha o mais recente Prémio Pritzker português. Os autores - Philip Ursprung, Diogo Seixas Lopes, Pedro Bandeira e André Tavares (editor) - entraram, um dia, no atelier de Eduardo Souto de Moura, na Foz do Douro, e viram que esse lugar não correspondia ao que se imagina ser o escritório de um arquitecto nestes tempos em que imperam as novas tecnologias e o visual empresarial. Mais parecia, antes, um "gabinete de curiosidades": ao lado dos desenhos, esquissos e maquetas dos seus projectos em curso, vêem-se recortes de jornais e revistas - por exemplo, da rubrica do P2 "Escrito na pedra", com citações de Montaigne, Oscar Wilde, Pirandello, Pessoa, Orson Welles ou Godard -, fotografias (a vista de uma janela do convento de La Tourette; anfiteatros da Grécia Antiga, duas mulheres de burca tirando retratos, uma plataforma petrolífera algures no Mar do Norte, o rosto de Herberto Hélder, ou o guarda-redes Oliver Kahn em plena acção...). "São referências visuais e literárias que constroem um ‘Neufert' mental, criando correspondências durante o processo de desenho".

Na convicção de que "tudo é arquitectura", e

ou vice-versa, os autores pegaram neste cenário e construíram um livro que é uma visita guiada à "janela indiscreta" do quotidiano do autor em acção/criação. O próprio Souto de Moura, aceitando a intromissão, contribuiu com a "autobiografia pouco científica" com que agradeceu tanto a medalha da Academia da Arquitectura de França (Junho de 2010) como o título de doutor "honoris causa" da Universidade Lusíada (Julho de 2011).

"Eduardo Souto de Moura. Atlas de Parede. Imagens de Método" está já no prelo da Dafne Editora, e o lançamento deverá acontecer no início de Dezembro.

Antes da edição do "atlas" Souto de Moura, a Dafne vai lançar (na colecção Equações de Arquitectura), em Coimbra, no dia 17 de Novembro (com colóquio no dia seguinte), o livro de Jorge Figueira, "Reescrever o Pós-Moderno". Nele, o arquitecto, professor e colaborador do PÚBLICO analisa aquele momento da arquitectura portuguesa a partir de sete entrevistas realizadas a Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Manuel Graça Dias, Manuel Vicente, Pancho Guedes, Tomás Taveira e Paulo Varela Gomes.

Também praticamente pronto, mas ainda à espera de data de edição, está "A Vida no Campo", do geógrafo Álvaro Domingues, que prossegue a sua viagem a Portugal iniciada com "A Rua da Estrada".

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