Carlos do Carmo e o futuro que já é presente

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No estúdio: "Escolhi primeiro as dez pessoas, embora esteja de fora gente que podia ter entrado. Depois fui ver, dos fados que gravei, o que melhor se enquadrava com cada pessoa"

Ao mesmo tempo que celebra 50 anos de carreira com concertos no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Carlos do Carmo lança um disco de duetos com dez fadistas da nova geração a quem estende a passadeira para se expressarem a seu modo. "Fado É Amor" é um tratado de amor ao fado.

Pediram-lhe para gravar um disco de duetos com celebridades e ele contrapôs um disco em que partilha fados seus com dez vozes da nova geração. Aos 50 anos de carreira, Carlos do Carmo lança Fado É Amor e vê esgotar em pouco tempo o concerto do próximo dia 30 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, sendo obrigado a marcar outro. Meio século depois da primeira gravação, ainda é a inquietude que lhe comanda os passos.

O primeiro fado que gravou foi Loucura, há 50 anos...

Sabe como foi gravado? Acompanhado pelo grupo do Mário Simões. Piano, baixo, bateria, guitarra eléctrica e um coro de três senhoras. Os puristas só não me mataram porque eu não andava muito à solta na rua.

Isso foi em 1963...

E passava de manhã, à tarde e à noite na rádio. Foi isso que me lançou. Quando me lembro que foi acompanhado por um ambiente que não era o fadista... é uma loucura!

E esta parece ser outra loucura. Porque há muitos discos de duetos, mas este soa mais como um disco de partilha. Dá a ideia de que pensou nas pessoas mais como instrumentos, vê-se que cada fado tem ligação com uma determinada voz...

Certo. Eu peguei nos 243 fados que gravei, pedi a mesa da sala de jantar emprestada à minha mulher, perguntei se ela podia ceder aquilo durante uns largos dias, e fui fazer uma coisa que nunca faço: ouvir tudo. Porque eu não passo o tempo a ouvir os meus discos, raramente os ouço (este já o ouvi três vezes e foi um recorde: uma para aprovar e as outras duas porque tinha aqui amigos em casa). Então estive aqui, com um pequeno leitor de CD e 243 papéis espalhados, a ouvir tudo o que cantei desde o Loucura até ao disco com a Maria João Pires.

Como é que fez a escolha?

Da seguinte forma: sucessos consagrados não entrariam. Era um déjà vu. Então fiz ao contrário: escolhi primeiro as dez pessoas, embora esteja de fora gente que naturalmente podia ter entrado, mas o disco não era para 14 ou 15, era para dez. Depois fui ver, dos fados que gravei, o que melhor se enquadrava com cada pessoa. Foi o que fiz, caso a caso. Tanto que pedi à companhia de discos para ser eu, pessoalmente, a convidá-los. E fui muito bem acolhido por todos, apenas com uma reserva inicial, da Aldina, que me disse: "Ó Carlos, duetos?!" E eu disse: "Aldina, calma, estamos a falar do Fado Bailado... Não vamos fazer aqui uma coisa de meninos." A todos transmiti também o fado que tinha escolhido: "Pensei em si e neste fado." Só dois não conheciam os fados. E eu disse: "Não se importa de ouvir?" Tive telefonemas logo a seguir: "Muito obrigado pela escolha, que bonito que é." Todos tinham segunda opção...

Portanto havia um fado de primeira escolha e um segundo para o caso de não aceitarem?

Só tive dois casos em que me disseram: "Não tem a possibilidade de..." E eu disse: tenho esta. "Óptimo, prefiro."

Quais foram os fados que ficaram de fora?

Não vou dizer, não leve a mal. Nem vou dizer as pessoas, sequer. O que quero dizer com isto é que foi muito harmonioso. Não foi fácil. Os três guitarristas, os meninos escolhidos por mim a dedo, acompanham A, B e C. E calendarizar isto? E depois quer-se falar com uma que está na Escandinávia, e com outra que está na Alemanha, e com o outro que está em Espanha... como é que se faz? Mas foi muito interessante porque o A&R da companhia foi gerindo isto o melhor possível. O resto foi simples: a minha casa é o local do ensaio, com bolinhos, chá e café; e depois, ou no próprio dia ou quando a pessoa quiser e puder, jantamos e vamos para estúdio.

Gravaram sempre a seguir ao jantar?

Sim, porque estamos juntos, a falar, a conviver, a expor os nossos problemas, o que é que nos angustia, do que é que a gente gosta e não gosta, quem é que está mais cansado, "ai, estas tournées que dão cabo de mim...", etc. Ouvir as pessoas.

Nota-se que há uma distensão na maneira de estar, sobretudo quando se vêem os vídeos que registam as gravações. É resultado disso?

Não há compressão, há sorrisos...

E foi sempre gravado à noite?

Sempre. Não me levanto de manhã. Já tenho participado em coisas à tarde e sabe Deus a dificuldade! Já tenho o relógio montado. Mas todos gostaram, todos preferem a noite.

Recuando um pouco: de quem foi a ideia de fazer um disco de duetos? Foi sua?

Não, não foi minha. Foi da directora da companhia, que, no seu portunhol muito especial, andou dois anos atrás de mim a dizer: "Carlos, gostaria tanto que pensasse em fazer um disco com duetos para os 50 anos de carreira." E eu a dizer: já me estão a pôr com os pés para a cova, isso é Tony Bennett, Aznavour, Sinatra... Ela dizia que não, mas que tínhamos de fazer alguma coisa de especial. A primeira ideia era até muito ambiciosa, canções com grandes craques, que a companhia tem um vasto catálogo. E eu disse: "Isso não... Dá-me um tempo para pensar?". Curiosamente, foi a primeira vez na minha vida de fadista que tive um disco sugerido (antes deste, só tive um convite da Maria João Pires e de resto sou sempre eu que dou as ideias, mal ou bem). E pus-me ao trabalho. Ela não desistiu enquanto eu não lhe apresentei qualquer coisa. E no dia em que eu lhe apresentei os originais, que têm uma décalageimensa (no Loucura pareço um miúdo a cantar, tinha 23 anos), ela ouviu tudo e achou que podia dar um disco muito bonito. E aconteceu-me uma coisa que só me tinha acontecido quando gravei com o Bernardo [Sassetti]: foi ver os miúdos da companhia de discos todos empolgados. Não é comum. E eles têm tanto que fazer...

Você abre o disco com um fado bem conhecido de todos, Por morrer uma andorinha, mas em versículos, que é uma versão mais rara. E ao cantá-lo com Camané há uma fluência de tal modo natural que é como se fosse uma mesma pessoa a gerir as duas vozes...

Com os três homens [Camané, Ricardo Ribeiro, Marco Rodrigues], cantamos na mesma tonalidade. Parece que não, mas isso tem a maior importância. Com o Camané, há um entendimento entre nós. Eu tenho muito apreço por ele, gosto muito da forma como ele canta o fado e ele tem em mim uma referência, sempre. O Camané, se pode, nunca perde um concerto meu. Diz-me as coisas mais lindas, mas vai sempre descobrir qualquer coisa. Já não ouve os meus concertos, vê-os à lupa, está muito atento a tudo. Quando chegou ao momento de dividirmos aqui os versos, foi tão pacífico...

Na gravação, há até a partilha de uma mesma frase, o que não é comum...

Com todos, eu abro e fecho. Com o Camané, no Fado Menor, estávamos a cantar, de repente ele entrava com o versículo, eu calava-me e foi assim que foi ficando. E sublinhámos, tenho aí o papel todo cheio de riscos. Chegámos ao estúdio, com o que estava riscado, mas às vezes enganávamo-nos porque já me estava talvez a apetecer fazer outra coisa... Essa naturalidade sucedeu também com o Marco Rodrigues, num fado que não tem silêncios (Fado do 112). São sete quadras que me fazem lembrar uma estafeta 4x100: a gente entrega e segue.

Foram precisos muitos takes para chegar às versões finais?

Não. No fado, o lado sadio do improviso é muito bom para gravar. Porque as pessoas dão o melhor de si e depois são elas que decidem, de si próprias: "Eu acho que aqui ainda sou capaz de fazer não sei o quê."

Na Júlia Florista, o registo vocal de Mariza surpreende por ser mais contido do que seria habitual num trabalho dela. A que se deveu isso?

Ela quando canta ao meu lado canta assim. Fiz "n" concertos com a Mariza, nos sítios mais incríveis. Gravámos a olhar um para o outro e a rir, e de repente ela, que tem muito traquejo de palco e de estúdio, começa a acrescentar coisas. E eu, surpreendido, a fazer sinais ao técnico para que não tirasse aquilo, que era espontâneo e ficou lindo. A gravação com a Mariza foi uma brincadeira que demorou pouco tempo.

E Carminho, no Lisboa Oxalá?

Está em casa. É um fado da pesada, para vozes fortes, o velho Joaquim Campos não brincava em serviço. E ela agarrou-o muito bem. É de notar que cada um deles, quando começa a cantar, afirma a sua personalidade, e é isso que me fascina.

Mas a sua ideia também era um pouco essa, não?

Claro que sim. Eu oiço muita gente dizer mal destes miúdos. "Não gosto desta, não gosto daquele!" Dizer mal é tão fácil... Agora façam favor, ouçam o disco e vejam lá como eles cantam tão bem. E não estou armado em pater familiasnem em mestre-escola. Eu canto como canto e depois eles cantam como cantam. A passadeira é estendida: fazem favor. E isto na Carminho também se sente, porque há uma coisa incontornável: ela entra em parafuso. Na terceira estrofe já está a cantar como se o fado fosse acabar. Mas é dela, é genuíno, é sanguíneo.

Já Ana Moura, no Novo fado alegre, canta mais sotto voce...

E a escolha do fado para ela, escrito em 1976 pelo meu velho Ary [dos Santos], não foi por acaso. É que ela deixou-me desconcertado com o Desfado, não o disco em si mas o fado propriamente dito. Porque o miúdo que escreveu aquilo escreveu uma coisa fantástica: é uma desmontagem de nós próprios, "estou alegre porque estou triste, não estou triste porque estava alegre", tudo é um jogo de palavras e de contradições em que estamos lá nós. E eu disse: isto é supermoderno, é muito giro. E é fado. Fado novo, não é? Então vamos cantar oNovo fado alegre, o tal que diz "não cantaremos nunca mais o fado antigo". As pessoas achavam que isso era deixar de parte o fado tradicional quando não era nada disso, o fado aqui é a vida. A Ana gostou e eu expliquei-lhe a escolha: "É que eu estou enamorado do seu Desfado e acho que isto é a sua cara." Ela estava muito cansada, fez umas férias breves e só depois foi para estúdio. E há momentos em que ela tira partido daquilo de que eu gosto mais na voz dela que são os graves, embora este fado seja "à Tordo", exigente. Mas como tem zonas intermédias, fiz de maneira a que essas zonas calhassem bem nela.

E gravar Pontas soltas com Ricardo Ribeiro, como foi?

O Ricardo é um animal artístico, no sentido nobre da palavra. Passa dias no Museu do Fado a estudar. Tem um interesse pelas coisas, uma sede de saber, de conhecimento... e é da escola [Fernando] Maurício. Jantámos, fomos cantar o velho Fado Castanheira. "Vamos a isto, Carlos." E ele solta-se, rápido, sabe o que quer. Aquele final conjunto, aquilo não tem qualquer ensaio. É um grande artista, um grande fadista. Este disco pode mostrar isso, esta diversidade. O fado só pode ser rico na diversidade. Lembro-me sempre da velha geração: o que é que a Lucília [do Carmo] tinha a ver com a Maria Teresa de Noronha? O que é que a Maria Teresa tinha a ver com a Amália? O que é que a Amália tinha a ver com a Hermínia? E a Maria José da Guia, a Berta Cardoso... Aqui, temos a possibilidade de ver que gente com 20 e tal, 30 e tal anos, já tem uma diversidade de caminhos.

A Raquel Tavares, por exemplo, personifica muito bem o lado bairrista...

Só tenho pena de uma coisa: que o Britinho [Frederico de Brito, autor do fado] não seja vivo. Porque ele ia adorar a forma como ela canta O que sobrou de um queixume. Sei a sensibilidade dele, conhecia-o bem, foi um dos meus mestres. Se ele ouvisse a miúda a cantar isto atirava-se ao ar! Ela é uma artista. Canta, dança... até canta samba tradicional!

Cristina Branco, na Calçada à portuguesa, está num universo bem diferente, algures entre o fado e o canto lírico...

Exactamente! Não é por acaso que vou buscar esse fado com letra do Ivan Lins e música do José Luís Tinoco. Ela disse-me "isto é tão bonito", entrou nisto, assimilou, trabalhou, desenvolveu e está, tranquila, no universo dela. Não sai do universo dela. Porque sair do universo da pessoa é que talvez seja uma violência. Ela fez um disco belíssimo sobre o Zeca Afonso e não é forçado.

Do Marco Rodrigues, no Fado do 112, já falámos há pouco. Mas há aqui também uma ligação quase imediata, não?

E o prazer que ele tem de cantar comigo? Eu já tinha gravado com ele oHomem do Saldanha [para o disco Tantas Lisboas]. Ele passa o tempo a rir. E depois vira-se para mim e diz: "Ó Carlos, você canta umas palavras que mais ninguém canta: "por rombo, machado ou moca/ pego no laser da moda". "Mas faz sentido ou não faz sentido?" "Faz todo o sentido!" Armandinho, com uma grande letra do Júlio Pomar...

Para Aldina Duarte foi buscar outro fado do mesmo disco, À noite, o Bailado do Marceneiro com letra de Fernando Pinto do Amaral. Porquê?

O grande Fado Bailado! Essa sessão foi uma coisa... Já disse, há pouco, que cada um expressa o nervosismo à sua maneira. Quando acabou a gravação, ficámos duas horas a rir das histórias que ela contou. A Aldina consegue quase ser comediante. Foi a descompressão da grande tensão que ela teve a cantar. Sentada aqui em casa, com o Carlos Manuel Proença e o José Manuel Neto ali, da primeira vez que a Aldina quis gravar um disco (lembro-me como se fosse hoje), disse-lhe: "Força, bem escolhido o reportório." Um reportório de muito bom gosto. E depois vê-la, mês após mês, ano após ano... querer é poder. Com uma parte muito importante, que é cultivando-se. E isso, no meu fraco entendimento, dá-lhe uma forma especial ao canto. Esta coisa de o artista se interessar por leitura, por pintura - pela vida! - vai-lhe para o canto.

Com Mafalda Arnauth, em Nasceu assim, cresceu assim, há um ambiente de festa...

Eu tenho com a Mafalda uma relação muito boa. Gosto muito de pessoas bem-educadas. Não é por acaso que me chamam "o charmoso". Mas não é nada disso, gosto de pessoas bem-educadas. Tratar bem as pessoas... quanto mais agora, que andam tão deprimidas. É que a gente anda cá pouco tempo, isto é um empréstimo de média ou curta duração. E a Mafalda tem uma coisa de que gosto muito: nunca me lembro de ela ter falado mal de uma pessoa que toca ou canta o fado, e não é comum. Disse-lhe: "Temos aqui um fado do Tordo e do Vasco Graça Moura. Eu acho isto belíssimo, cheio de ginga, vamos a isso?" "Vamos." E ela lá estava, quase dançava a cantar. Feliz da vida. Ela e todos. Ninguém esteve ali a fazer show-off.

No fado que fecha o disco, há no vídeo um momento comovente: quando se "vê" a voz da sua mãe a sair das colunas, a cantarLoucura, como se estivesse ali. É o único fado em que não é você que começa, é ela...

Começa e acaba. O meu filho ainda sugeriu que fosse eu a acabar, mas eu disse-lhe: "Estás maluco? O fado da avó?" Ela começa e acaba e eu, de pára-quedas, venho ali ao meio. A minha mãe a cantar com 40 e tal anos e eu a gravar isto com 73. Este fado não foi editado. Foi descoberto a meu pedido entre as gravações do velho Hugo Ribeiro (o que gravou Com Que Voz, Um Homem na Cidade). Quando ouvi a minha mãe cantar aquilo de uma forma superior, e com pausas, achei que não era preciso forçar coisa nenhuma. Foi isso que facilitou. O resto foi o meu filho tentar, com a tecnologia actual, passar a voz da avó para o pé de nós. Agora ver a cara dos meninos [dos músicos] a acompanhar a minha mãe vale a pena. Porque eles estão a acompanhar a Lucília do Carmo, uma coisa que nunca lhes passou pela cabeça.

Isso completa o ciclo. Porque o fado com que você começa a carreira acaba o disco.

E é uma homenagem a uma das grandes figuras da história do fado. O facto de ser minha mãe... ainda bem para mim.

Isso leva-nos de novo à ideia de haver fados e não fado, de termos por hábito cristalizar o fado numa voz quando houve e há tantos fadistas de valor mas menos celebrados...

Isso é muito português. Mesmo com a chegada do Figo e do Cristiano Ronaldo, repare-se a fixação que há no Eusébio - e não estou a diminuir o Eusébio. Há agora um rapaz que foi campeão do mundo de ciclismo... mas o Joaquim Agostinho é que era o tal, este foi "apenas" campeão do mundo. É muito nosso.

As pessoas desobrigam-se de pensar?

É uma grande injustiça deixar de lado pessoas que têm uma obra. De vez em quando ponho-me a ouvir um ou dois fados da Maria Teresa de Noronha, porque preciso daquela respiração, muito motivadora para mim. Quase como preciso de ouvir um disco do Sinatra, por causa do frasing, do timing. De vez em quando ponho um ou dois fados da Amália porque preciso daquela magnitude. Mas o fado não se pode confinar a uma pessoa, é injusto.

A projecção que o fado tem hoje, em termos internacionais, era a que esperava quando foi classificado como Património Imaterial da Humanidade?

Tenho muita dificuldade em abordar esse tema porque tenho medo dos excessos. Que as coisas caiam para um campo de moda. Mas com muita sinceridade: o fado é uma canção da alma. E com as canções da alma não se brinca. Ou se tem ou não se tem. Porque se não tínhamos dez milhões de pessoas a cantar o fado. E essa alma não se vende. A gente vende o trabalho, não vende a alma. A candidatura demorou seis anos, foi um notável trabalho colectivo. Mas é apenas um ponto de partida. Está tudo por fazer. Demos tempo ao tempo. A vida deu muitas voltas, entretanto. Qualquer artista lúcido e honrado, quando vai para cima de um palco, tem de ter um sentimento de terapia. A pessoa fica entregue a si própria e tem de ser bem tratada, porque a vida está a tratá-la muito mal. O fado tem essa possibilidade. Saibamos fazer isso.

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