Angélique Kidjo e Fatoumata Diawara: Sines começa a desenhar-se

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A beninense Angélique Kidjo era uma das últimas divas africanas em falta na história do Festival Músicas do Mundo

Festival Músicas do Mundo decorre entre 18 e 26 de Julho, em Sines e Porto Covo.

Após alguns meses de expectativa quanto aos moldes em que o Festival Músicas do Mundo se apresentaria em 2014, dada a nova composição camarária ditada pelas últimas autárquicas, eis que chegam os primeiros sinais da música que se ouvirá em Sines. E há razões para celebrar. A cantora do Benim Angélique Kidjo, uma das últimas divas africanas em falta na história do festival, e o regresso da maliana Fatoumata Diawara num projecto partilhado com o pianista cubano Roberto Fonseca, são as duas primeiras grandes confirmações da próxima edição, a decorrer entre 18 e 26 de Julho, em Sines e Porto Covo. A provar que a atenção continua muito sintonizada no continente africano, juntam-se já, igualmente, Oliver Mtukudzi e Mamar Kassey.

Angélique Kidjo apresenta-se pela primeira vez no FMM num ano de particular agitação na sua carreira. Ao mesmo tempo que lança o seu 14.º álbum, Eve, a cantora acaba igualmente de publicar a autobiografia Spirit Rising: My Life, My Music, em que confessa ter crescido com o modelo de Miriam Makeba, responsável pela sua primeira grande oportunidade. Eve, por seu lado, é assumido pela cantora como um álbum dedicado “à beleza e à resiliência das mulheres africanas”, tomando por base a música tradicional beninense e queniana, mas não escondendo o facto de Kidjo viver há vários anos em Nova Iorque. Assim, por Eve passam não apenas as recolhas de ritmos e cantos de coros femininos feitas pela cantora numa viagem de uma ponta à outra do seu país, mas também o lendário pianista de New Orleans Dr. John, o quarteto de cordas Kronos Quartet, o guitarrista/teclista Rostam Batmandlij, dos Vampire Weekend, ou a Orquestra Filarmónica do Luxemburgo. Se Buena Vista Social Club deve a sua vida a uma tentativa abortada de colaboração entre músicos malianos e cubanos — mais tarde vingada em AfroCubism —, é também esse encontro que abastece a colaboração entre Fatoumata Diawara e Roberto Fonseca. Com a diferença que cantora e pianista são renovadores das tradições musicais dos seus países. O mote é dado pelo último álbum de Fonseca, Yo, uma viagem pelas suas raízes africanas, em que Fatoumata aparecia como voz convidada. A maliana, lembre-se, foi protagonista de um dos grandes concertos do FMM 2012.

Já Oliver Mtukudzi, conhecido por Tuku, é um nome histórico da música do Zimbabwe (partilhou palcos com Thomas Mapfumo), ligado igualmente ao activismo político, nomeadamente em relação aos direitos das mulheres e ao combate à sida. O seu último álbum, Sarawoga, é mais um passo nessa luta adornada por uma pop pan-africana. Longe daquilo que os Mamar Kassey, emergente banda do Níger, propõem no álbum Taboussizé — como acontece com os Tal National, também aqui as raízes são transformadas por outras sonoridades, como o jazz e o pop/rock, mas rumo a uma música de transe.

Os bilhetes (10€ por dia ou 35€ pelo conjunto de concertos entre 22 e 26 Julho, os únicos pagos) estão já à venda.

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