A música de Brian Eno também pode ajudar a curar

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Criou duas instalações de luz e som no Hospital Montefiore, em Hove, Sul de Inglaterra

Brian Eno, o ex-membro da banda de rock inglesa Roxy Music, que produziu álbuns para David Bowie, Talking Heads e U2, apresentou a 18 de Abril duas instalações de luz e som no Hospital Montefiore, recentemente inaugurado, em Hove, Sul de Inglaterra, noticiou o inglês Independent. Nesta sua intervenção em hospitais, o músico, de 64 anos, quis evocar uma “atmosfera serena” e dar ao edifício “meios a três dimensões para tratar os pacientes”.

“Pareceu-me ser um passo natural porque já trabalho nesta ideia da música funcional há alguns anos”, disse ao Guardian.

Considerado o inventor da “música de ambiente”, criou para a sala de espera do hospital 77 Million Paitings for Montefiore, intalação de luz e música que através de um sistema electrónico faz com que o som se modifique constamente. “As imagens nos ecrãs são feitas a partir de combinações de imagens que desenhei ao longo dos anos. Um software selecciona essas imagens ao acaso e combina-as de modo a criar combinações sempre novas”, explicou à BBC. Para Eno, a “cura” começa mal funcionários e pacientes atravessam as portas do hospital.

Outra das instalações, Quite Room for Montefiore, pretende ser um espaço de “refúgio” para os pacientes, visitantes e fucionários, “um lugar para pensar” ou “simplesmente relaxar”. Para esta segunda instalação, Eno decidiu gravar uma banda-sonora e criar uma instalação luminosa específicas para o espaço.

Segundo o porta-voz de Eno, o músico inspirou-se na enfermeira britânica Florence Nightingale, que em 1859 concluiu que a “variedade de forma e brilho da cor nos objectos mostrados aos pacientes têm efeitos poderosos e são meios de recuperação”.

O convite para este projecto partiu do cirurgião ortopédico Robin Turner, depois de em 2010 ter observado no Festival de Brighton o efeito calmante que a instalação 77 Million Paintings teve na sua sogra, “que normalmente é muito irrequieta”. “Projectos como este podem reduzir a dor. É uma coisa impressionante – faz parte de um movimento internacional em crescimento”, disse à BBC Clive Parkinson, director do departamento de Artes para a Saúde da Universidade Metropolitana de Manchester. “O que Brian Eno faz é exemplar – porque reúne a ideia das artes visuais e da música. É um conceito muito poderoso”.

Os arquitectos IBI Nightingale, responsáveis pelo projecto do hospital, corroboraram a ideia de que o ambiente pode influenciar o “processo de cura” dos pacientes. “Criar um ambiente terapêutico não significa apenas os procedimentos cirúrgicos correctos e da tecnologia adequada mas também criar um ambiente onde os pacientes se sintam capazes de relaxar e pensar claramente nas suas opções”.

O músico pretende dar seguimento a este trabalho noutros hospitais. “Estou tão entusiasmado por ter feito isto. Penso que irá realmente ajudar as pessoas, é realmente útil. E a boa notícia é que isto não é dispendioso e não requer tecnologia sofisticada”, disse ao Guardian.

Um porta-voz do artista disse que desde que a notícia chegou a mundo da arquitectura “já houve quatro arquitectos, que trabalham especificamente no desenho de hospitais, que mostraram interesse nas instalações do Brian [Eno]”.

Artista multimédia, conferencista, autor do som de arranque do Windows 95 (com a duração de 3,8 segundos) e de uma aplicação móvel para criação de músi, as suas inovações incluem ainda uma banda sonora que acalma os viajantes ansiosos.

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