A relva chegou ao Meco mas o pó parece não se querer ir embora

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O sistema implementado vai permitir que a relva seja regada todos os dias antes dos concertos Miguel Manso

A horas de começar e antes que a música se faça ouvir nos palcos do Super Bock Super Rock, a pergunta que se impõe é onde está a tão falada relva para acabar com a grande quantidade de pó no recinto, que no ano passado irritou os participantes.

Em vez de falarem do cartaz, os festivaleiros que esta tarde chegavam ao Meco de autocarro, ainda de malas às costas,  mostravam sobretudo curiosidade pelas alterações ao espaço, anunciadas pela organização.

“Isto afinal está igual, só tem é mais espaço. Onde é que está a relva?”, pergunta Francisco, que pelo terceiro ano consecutivo escolheu o festival do Meco e a quem nem as críticas que no ano passado se fizeram ouvir o assustaram. “Talvez este ano não mude muito, mas quando venho para aqui já sei ao que venho”, diz ao PÚBLICO o jovem de Lisboa, que, ainda sem ter visto quase nada no recinto, acredita que alguma coisa foi feita para mudar. “Eu vi fotos em que havia relva.” 

De facto, nos últimos dias as imagens do palco rodeado de um espaço verde têm-se vindo a multiplicar na Internet. Esta quarta-feira, no entanto, a única zona do recinto que encontrámos com relva era a do palco principal.

Luís Montez, responsável pela organização do festival, admite que não será ainda este ano que o fantasma do pó vai desaparecer por completo, mas ressalva que é nesse sentido que estão a trabalhar. “É óbvio que não vai estar igual no primeiro dia e no último, mas é melhor isto do que não termos feito nada”, diz Montez, explicando que as queixas foram ouvidas e registadas e que foi feito um esforço para mudar. “Fizemos o que pudemos, não podem dizer que não se nota esse esforço e essa preocupação”. 

E o esforço é reconhecido por quem esteve no ano passado. “Nota-se que está melhor, há de facto menos pó, vamos é ver se isto se aguenta”, nota Nuno Cação, trabalhador de uma das barracas de comida dentro do recinto, que também destaca as alterações no campismo. “Há mais espaço e mais chuveiros”, diz, lembrando a confusão do ano passado. Com o campismo lotado, esta zona era caótica, quase não era possível recolher o lixo. “Nem as pessoas andavam, quanto mais os carros”, acrescenta. 

Foi também para que este cenário não se voltasse a repetir que este ano foram feitos caminhos na zona de campismo, para facilitar a circulação, e foi colocada mais iluminação na zona. “As pessoas têm de ter espírito e saber que vêm para um festival, mas mesmo assim percebemos os problemas e fizemos mudanças, queremos é que as pessoas se sintam bem”, conta Montez, destacando ainda as características do lugar. “Uma sombra como esta e uma praia aqui ao lado é algo que não há em qualquer lado e nós, como temos isto, não damos valor, mas para um inglês ou um finlandês é único”, continua o responsável pelo festival, que admite, no entanto, que no ano passado o recinto atingiu o seu limite. “Tivemos mais gente do que devíamos e isso notou-se.”

Oficialmente o festival só começa na quinta-feira, mas esta à noite há DJs para aquecer o campismo, onde se notava esta tarde uma pequena agitação. Aos poucos, as pessoas começam a chegar e a escolher o melhor lugar para acampar, sem grandes correrias. “No ano passado, nesta altura, já estava muita gente, parece-me que hoje está mais calmo”, conta João, que, apesar de ser de Sesimbra, a cerca de 13 quilómetros, opta sempre por acampar com os colegas. “Assim é que se vive um festival.”

Sem poder comparar com as edições anteriores está Rita, que convenceu as amigas a viajarem do Porto para o Meco. “É a primeira vez que venho e ainda não consegui perceber mesmo como é que isto está e como funciona. Depois de tudo o que ouvi achei que as condições não eram as melhores, mas afinal parece-me tudo muito bem”, avalia a jovem estudante, acrescentando que também esperava ter mais confusão no campismo. 

Luís Montez não está preocupado e garante que até ao festival arrancar a sério ainda muita gente vai chegar. Não estão a vender bilhetes como no ano passado, o que para Montez se deve não só à crise económica, como à forte concorrência. Ainda assim, são esperadas entre 16 mil e 25 mil pessoas por dia. “Estamos a vender ao nível de há dois anos, quando veio o Prince”, diz, revelando que o dia mais procurado é o de sábado, que tem como cabeça de cartaz Peter Gabriel. Do estrangeiro, a procura vem sobretudo de Espanha e Inglaterra. 

“Vai ser mais calmo este ano, mas a nossa grande preocupação foi criar melhores condições. Fizemos um investimento e a mudança leva o seu tempo mas vai ser vista”, garante Montez, para quem mudar o festival de lugar não é opção. “Há 18 anos que fazemos o Super Bock Super Rock, não é a saltitar de um lado para o outro que as coisas mudam”.
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