Morreu Jerry Robinson, co-criador de Robin e Joker

Foto
Jerry Robinson foi recrutado por Bob Kane, autor de Batman, quando tinha apenas 17 anos

O imaginário de Batman não seria o mesmo sem Jerry Robinson. Foi ele quem deu um parceiro ao vigilante de Gotham City, Robin, nos idos de 1940. Mas fica na história por ter contribuído para a criação de um dos vilões mais marcantes da banda desenhada e do cinema - Joker. O desenhista morreu nesta quarta-feira. Tinha 89 anos.

Jerry Robinson chegou à equipa liderada pelo desenhista e escritor Bob Kane que, em 1939, tinha acabado de estrear Batman no número 27 da Detective Comics. Robinson tinha 17 anos e foi recrutado após um encontro fortuito com o próprio Kane, durante as férias que antecipavam a sua ida para a universidade, para estudar jornalismo.

Bob Kane, sete anos mais velho, ficou surpreendido com o casaco que o então adolescente envergava, coberto de desenhos que Robinson anunciou serem de sua autoria. Kane mostrou-lhe a primeira história de Batman e ofereceu-lhe um emprego. Robinson não se impressionou com a banda desenhada; com o emprego, sim.

Seguiu de imediato para Nova Iorque, onde começou a trabalhar como arte-finalista e a fazer legendagem, a apoiar os artistas mais experientes. Em menos de um ano, o seu talento de desenhista e criador de personagens impuseram-no como um dos elementos-chave da equipa. Tanto que foi fundamental na criação de duas das principais personagens do comic.

Robin, o parceiro de Batman, surgiu na Detective Comics #38, de Abril de 1940. Jerry Robinson é oficialmente creditado como co-criador da personagem, à qual deu nome (em homenagem a Robin Hood) e fato de acção (inspirado numa ilustração de 1910, de N. C. Wyeth). A referência a Bob Kake e Bill Finger, o escritor original de Batman, no nascimento de Robin é quase uma formalidade.

A origem de Joker, o arqui-inimigo de Batman, já não é tão pacífica. Bob Kane, que morreu em 1998, aos 83 anos, reclamou para si e para Finger a autoria da personagem. Os historiadores de banda desenhada estão, no entanto, do lado de Robinson. Este encolhia os ombros e, no ano passado, chegou a contar ao The New York Times o processo criativo que conduziu ao vilão: "O nome surgiu primeiro: o Joker, Depois, pensei na carta de baralho". (Nesta altura, o diário norte-americano lembra que os pais de Robinson jogavam bridge.)

Joker passou por diversas fases ao longo das décadas desde então, afirmando-se como personagem incontornável, tanto na banda desenhada como na televisão e no cinema. Aqui, as interpretações de Jack Nicholson (Batman, 1989) e Heath Ledger (O Cavaleiro das Trevas, 2008), esta última distinguida com um Óscar, reflectem essa metamorfose sofrida pela personagem desde a sua criação - ora mais dada à comédia e ao absurdo, ora mais dada ao caos. A exuberância da personagem e a gargalhada alucinada mantiveram-se desde o original.

Jerry Robinson deixou a equipa de Batman ainda no início da década de 1940 - e construiu uma carreira que culminou, em 2004, com a entrada no Comic Book Hall of Fame. Robinson criou mais tarde Atoman e, em 1953, deu início à sua colaboração diária no The New York Herald Tribune, com a tira de ficção-cientítica Jet Scott. Durante os anos 1960, colaborou com a revista Playbill e presidiu, no final da década, à National Cartoonists Society.

Com preocupações políticas e ambientais muitas vezes patentes no seu trabalho, Jerry Robinson foi ainda um activo defensor dos companheiros de profissão. A sua intervenção mais famosa aconteceu no contencioso que colocava frente-a-frente a DC Comics e os criadores de Superman, Jerry Siegel e Joe Shuster, numa prolongada batalha por direitos de autor, na qual a empresa acabou por ceder.

Sugerir correcção
Comentar