Duas semanas pela frente e muitas dúvidas para resolver

Do lado dos apoiantes de António Costa, asseguram ao PÚBLICO que não houve contactos sobre a definição das regras. Na direcção do PS também há quem não tenha respostas

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Adriano Miranda

O prazo assumido termina a 30 de Junho, precisamente daqui a duas semanas. Até ao momento, a “operacionalização” das primárias no PS é ainda um campo de muitas dúvidas. O processo está envolvido por uma cortina de fumo que afasta até do seu conhecimento alguns elementos da actual direcção.

Quando a proposta foi aprovada, na última comissão política socialista, ficou definido que o regulamento eleitoral e a respectiva comissão seriam apresentados no final do mês. “Sobre isso, não tenho respostas ainda”, admitia um membro do secretariado nacional.

Do lado dos apoiantes de António Costa, com o passar dos dias, cresce a convicção de que “isto foi uma invenção muito pouco maturada, reveladora do grau de improviso” que norteou a decisão. Quem o afirma é o deputado Pedro Delgado Alves. Que confirma ao PÚBLICO a inexistência de qualquer contacto por parte da liderança socialista para apurar as regras das primárias. “Não se sabe quem está a preparar isto”, acrescenta o também presidente da Junta do Lumiar.

Do lado da direcção, no entanto, existe a convicção de que as duas semanas que faltam até ao prazo para definição das regras serão suficientes para concluir o processo. “Se foi já feito noutros países europeus, não temos de inventar muita coisa”, asseverou um membro do secretariado nacional.

A opção será mesmo copiar um dos modelos já ensaiados em casos recentes na Europa. Citando o exemplo francês e italiano.

Este último é citado como exemplo — embora com a ressalva de nada estar ainda decidido — quando a direcção socialista é questionada sobre como enfrentar o problema de militantes de outros partidos poderem votar nas primárias do PS. “Assinando o compromisso de concordância com a declaração de princípios do partido e aceitando que, em caso de necessidade, o seu nome seja publicitado num caderno eleitoral”.

A direcção também admite como provável que este escrutínio venha a exigir que as urnas da votação venham a implicar um intervalo de tempo superior. Numa eleição interna no PS, as secções ficam abertas cerca de quatro horas no dia da votação. “Não está nada definido, mas é razoável que possam vir a ser entre as oito ou nove horas”, acrescenta um membro do secretariado. A proposta do secretário-geral apontava para que as assembleias eleitorais funcionassem entre as “9 horas e as 19 horas, nas sedes do PS e, se necessário, noutros locais que a comissão eleitoral decida”.

Quanto aos custos implícitos no processo, esse é um problema que é considerado de pouca monta. “O processo, em si, tem poucos custos, para além de abrir as sedes [do PS]”, assegura-se.

O mesmo se passa com a campanha. “Estas coisas andam muito à volta de sessões públicas e o envio de correspondência”, remata-se. Afinal, o momento decisivo da campanha ficou estipulado na proposta de Seguro, com a realização de “pelo menos três debates televisivos entre os candidatos”. As estações televisivas já contactaram os candidatos sobre a possibilidade. “Da parte do secretário-geral, já foi manifestada abertura”, recorda o membro da direcção. E é nesse aspecto que a facção “costista” fica em silêncio.

Além do já referido prazo para aprovação do regulamento e apresentação da comissão eleitoral — 30 de Junho — está já definido que os cadernos eleitorais e “respectivo acesso por parte das candidaturas” terão de concretizar-se “durante o mês de Julho”. Daí até Setembro, será feita a “divulgação alargada das regras, de modo a mobilizar os potenciais votantes”. A data marcada para as eleições é 28 de Setembro. 

Números
14 de Agosto Data final para apresentação de candidaturas às primárias
1000 Mínimo de assinaturas necessárias para apresentação de candidatura
80 mil Número aproximado de militantes do PS
100 mil Número máximo que dirigentes do PS admitem vir a participar nas primárias (somando simpatizantes aos militantes)

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