António Costa propõe ao PS uma nova agenda para uma década

Autarca de Lisboa apresentou no Porto candidatura às primárias e a secretário-geral do PS.

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António Costa apresentou a candidatura no Porto MIGUEL NOGUEIRA

António Costa diz que “é urgente afirmar uma nova visão estratégica para Portugal e desenhar uma nova agenda centrada na valorização dos nossos recursos, na modernização das instituições e do técnico económico, na coesão social e no conhecimento”.

“Portugal precisa de um PS forte. Por isso, os portugueses querem mais do PS, pedem ao PS um suplemento de confiança, uma energia motivadora, a capacidade de agregar como alternativa de governo a esta maioria social que exige uma mudança de política”, declarou o presidente da Câmara de Lisboa.

O candidato a secretário-geral do PS que escolheu o Porto para apresentar as linhas programáticas da sua candidatura sob o lema “Mobilizar Portugal”, disse que o “PS tem de estar à altura das suas responsabilidades, de responder às exigências do presente” e revelou que a sua “ambição é dar força ao PS para formar uma solução de governo forte e coesa, que gere confiança, estabilidade, esperança. O país precisa dessa solução. O país exige essa solução”.

Falando para uma sala repleta de apoiantes, onde se destacavam alguns ex-ministros do Governo de José Sócrates e vários deputados e muitos militantes, Costa deixou a garantia de que o PS se deve ocupar de Portugal e dos portugueses e assumiu que não se vai envolver em “querelas estatutárias internas” e que não fará “ataques pessoais”.

“Há uma questão política — e às questões políticas devemos dar respostas políticas. Candidato-me com sentido do dever, espírito de serviço e motivação militantes pelo PS, por Portugal e pelos portugueses”, disse, passando ao lado da crise interna que varre o partido e da qual muitos o responsabilizam.

Costa não esqueceu que uma “parte importante da solução dos problemas do país exige uma mudança na Europa”. “Mas esta constatação só significa que precisamos de um governo que não abdique de contribuir para essa mudança e que se bata pela defesa dos interesses nacionais”, proclamou insurgindo-se contra a postura de “subserviência”, que Portugal tem adoptado e aproveitou para dizer; “Somos europeístas, mas não podemos ser auto-ingénuos”.

Avisando que “não basta garantir uma simples alternância — a alternância sem alternativa de nada servirá”, o dirigente explicou depois que “se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou”.

Em nome de uma nova agenda mobilizadora, o candidato a secretário-geral defendeu que “é preciso romper com a visão de curto prazo, com o ciclo vicioso e precário em que o Governo se bloqueou e bloqueou o país, subindo impostos para aumentar a receita ou cortando salários e pensões para baixar a despesa”.

“Os objectivos políticos, sociais e económicos devem ser acompanhados por uma preocupação permanente da sua sustentabilidade. Não podemos estar sempre a desfazer o que conseguimos fazer de bom, nem, podemos viver permanentemente na ameaça da instabilidade, da precariedade, do retrocesso da regressão. Temos de dar consistência, durabilidade e estabilidade ao que fizermos”, defendeu, para afirmar: “Temos de garantir: a sustentabilidade demográfica, a sustentabilidade energética e ambiental, a sustentabilidade financeira, a sustentabilidade económica, a sustentabilidade do modelo social e a sustentabilidade do Estado”.

“Para o conseguirmos (...) precisamos de uma maioria sólida, forte, ampla, dinâmica e polarizadora, capaz de assegurar sustentabilidade e uma nova agenda para Portugal”. “Uma nova agenda para a próxima década para a recuperação do país, que mobilize o conjunto da sociedade em torno de objectivos nacionais comuns”.

Sobre a “uma nova agenda para a próxima década”, o autarca de Lisboa que “o que é mesmo necessário fazer, não consente promessas fáceis e resultados de curto prazo”. “É preciso romper com a visão do curto prazo, com o ciclo vicioso e precário em que o Governo se bloqueou e bloqueou o país, subindo impostos para aumentar a receita ou cortando salários e pensões para baixar a despesa”. É por isso que, na opinião do socialista, “Portugal precisa de uma nova agenda mobilizadora”, considerando que os “objectivos políticos, sociais e económicos devem ser acompanhados por uma preocupação permanente da sua sustentabilidade”.

Os adversários de Costa não perderam tempo a comentar a sua intervenção. Através do facebook, António Galamba escreveu: “Não lhe ouvi nenhuma ideia ou proposta diferente das que o secretário-geral do PS tem defendido nos últimos três anos. Combate à pobreza, aposta no conhecimento, aposta na economia do mar, voz forte na Europa, um futuro governo de alternativa e não de alternância. Nada de novo que o Contrato de Confiança não tenha apresentado aos portugueses. Nenhuma justificação plausível para a sua candidatura ao cargo. Ficou provado que os motivos serão outros”.

Carlos César, Augusto Santos Silva, Isabel Pires de Lima Manuel Pizarro, Castro Fernandes, Fernando Gomes, António Magalhães, Laranja Pontes Júlio Machado Vaz, António Ferreira, Eduardo Cabrita, Ana Paula Vitorino, Isabel Santos, Renato Sampaio, Ana Catarina Mendes, Armando Alves, Carlos Guimarães, Alberto Souto, João Tiago Silveira e muitos outros socialistas marcaram presença na Fundação Eng. António de Almeida, que pertence ao pai do ministro da Defesa, Aguiar-Branco.  

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