G7 ameaça aplicar novas sanções à Rússia
Chanceler alemã, Angela Merkel, diz que o grupo "não hesitará" em aplicar novas sanções se Moscovo não usar "a sua influência" para travar os separatistas no Leste da Ucrânia.
Os líderes dos países mais industrializados do mundo estão reunidos em Bruxelas, numa cimeira sem a presença de um Presidente russo pela primeira vez nos últimos 17 anos. A crise na Ucrânia é o principal tema do jantar de trabalho desta quarta-feira, mas a chanceler alemã, Angela Merkel, já levantou o véu sobre o tom das conversas.
“É imperativo que o Presidente Putin use a sua influência para levar os separatistas a absterem-se de cometer actos de violência e de intimidação”, disse Merkel perante o Parlamento alemão, antes da partida para a Bélgica.
“Se isso não acontecer, não hesitaremos em impor novas sanções”, afirmou.
Num rascunho da declaração da cimeira do G7, obtido pela agência Reuters, fica claro que a situação está ainda longe do fim. No documento, os países mais industrializados do mundo exigem que a Rússia “acelere a retirada das forças militares da fronteira Leste com a Ucrânia”, e que “exerça a sua influência entre os separatistas armados para que deponham as suas armas”.
A Rússia anunciou a retirada de parte das suas tropas da fronteira com a Ucrânia – um movimento que a NATO já confirmou, mas que diz ser insuficiente para tranquilizar os seus membros no Leste da Europa.
Para além da ameaça de novas sanções à Rússia, a cimeira do G7 servirá também para discutir medidas de apoio à Ucrânia, para acelerar a saída do país da crise em que se encontra, ou pelo menos minimizá-la.
A principal ideia é manter uma certa unidade entre os Estados Unidos e a Europa em relação à Rússia, explicou o vice-conselheiro nacional de Segurança norte-americano, Bem Rhodes, num comentário ao encontro entre o Presidente Barack Obama e o recém-eleito Presidente ucraniano, Petro Poroshenko: “Eles discutiram a necessidade de a comunidade internacional continuar a falar a uma só voz sobre o tema da Ucrânia.”
Apesar de ter sido afastado do grupo, após a anexação da península da Crimeia, o Presidente russo terá a oportunidade de discutir este e outros assuntos na sexta-feira, durante as comemorações do 70.º aniversário do Desembarque na Normandia, em França.
Nesse dia, Vladimir Putin irá encontrar-se com a chanceler alemã, Angela Merkel; com o Presidente francês, François Hollande; e com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.
Apesar de pouco provável, não está posta de lado a hipótese de Putin se encontrar também com Barack Obama e até com Petro Poroshenko.
“Como as coisas estão, um encontro entre mim e Putin não está nos planos, mas não excluo a possibilidade de ele se realizar num qualquer formato”, disse nesta quarta-feira o recém-eleito Presidente da Ucrânia, que toma posse no próximo sábado.
Na quinta-feira – segundo e último dia da cimeira do G7, que decorre pela primeira vez em Bruxelas –, os líderes dos países mais industrializados vão discutir temas relacionados com a Energia, principalmente a dependência de vários países europeus em relação ao gás russo.
“O uso do fornecimento de energia como um meio de coerção política ou como uma ameaça à segurança é inaceitável. A crise na Ucrânia torna claro que a segurança energética deve estar no centro da nossa agenda colectiva e requer uma mudança na nossa abordagem para a diversificação do fornecimento de energia”, lê-se na declaração provisória da cimeira do G7.
Esta reunião dos países mais industrializados do mundo estava marcada para a cidade russa de Sochi, mas foi alterada após a anexação da Crimeia pela Rússia. Num comunicado publicado em Março, o grupo decidiu afastar a Rússia e transferir a cimeira para Bruxelas.