Lisboa lixa

Para nós saloios ir à grande cidade é uma decisão que causa dor. Tanto nos devasta o dia como a carteira.

O processo é sempre o mesmo. Há qualquer coisa que gostaria de ter imediatamente. Só há em Lisboa. E na Internet. Só que da Internet até à nossa casa ainda vão uns bons dias.

Telefono para a loja para confirmar que têm. Decido aventurar-me. Quando lá chego, vejo que se enganaram ao telefone e que o caderno que disseram custar dez euros era o nanico. O do tamanho que eu queria custa, na verdade, 22 euros.

Este caderno custa, com os portes, 12 euros na Internet. Eu queria comprar cinco por 60 euros. Em Lisboa, cinco saem a 110 euros. São mais 50 euros. Pelos 60 euros que queria gastar só consigo comprar dois. Mas se arranjar mais seis euros já posso levar três.

Começa então o pensamento diabólico do "já que cá estou...". Lembro-mede  que gastei duas horas a fazer a viagem e cerca de 12 euros de gasolina. Se voltar para casa sem comprar nada, perdi esse tempo e esse dinheiro completamente.

Por isso encaro esse desperdício como investimento e, de repente, 22 euros parece um preço mais simpático. Já que ali estou contento-me com três cadernos e depois logo se vê.

Só no carro percebo que os três cadernos me saíram a 90 euros: 66 euros, mais 12 de gasolina, mais duas horas do meu tempo (12 euros a seis euros por hora).

Custaram-me mais 54 euros do que na Internet, gastando dois minutos.

É por isso que já não vou a Lisboa. É que, mal lá esteja, já estou lixado por ter ido.

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