Costa afirma que nem tudo o que correu mal ao PS é culpa de Seguro

Candidato à liderança dos socialistas justifica-se perante algumas das críticas que lhe têm sido dirigidas. E lamenta que não haja uma relação saudável do PS com os partidos à sua esquerda.

Foto
António Costa pretende ser presidente da AML Enric Vives-Rubio

Naquela que pode ter sido a sua última intervenção na Quadratura do Círculo, já que prometeu suspender a participação no programa da SIC Notícias se houver mesmo congresso do PS - o que pode ficar decidido já neste sábado -, António Costa aproveitou para se justificar perante algumas das críticas que lhe têm sido dirigidas. Afirmou que seria "injusto" e "um erro trágico" atribuir tudo o que tem corrido menos bem ao partido à actual liderança, que quer disputar a António José Seguro.

No mesmo dia em que o secretário-geral o acusou de transformar a vitória nas europeias de domingo numa derrota, Costa sublinhou que o PS ganhou mesmo aquelas eleições, embora, no seu entender, sem a expressão correspondente à da "derrota histórica da direita". No mínimo, sem a expressão da vitória obtida "num contexto muito difícil" nas eleições para o Parlamento Europeu de há dez anos - com Costa como cabeça de lista -, quando o PS assistiu à morte do seu cabeça de lista inicial, Sousa Franco, em plena campanha, e se viu envolvido no caso Casa Pia.

Mas, a partir daqui, António Costa tratou de relativizar as responsabilidades de António José Seguro no actual momento do PS. Afirmou que o cargo de líder da oposição é o mais difícil de desempenhar na vida política portuguesa, que tem "triturado" várias personalidades de méritos reconhecidos, como "Vítor Constâncio no PS e Marcelo Rebelo de Sousa no PSD".

Sublinhando que a sua avaliação da liderança do PS é "política", e que "não tem a ver com uma avaliação de personalidade", lembrou que a generalidade dos partidos socialistas enfrentam dificuldades na Europa e que, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, "esteve tudo em julgamento", incluindo aspectos que nada têm a ver com Seguro, como "a forma como acabou o último Governo do PS" e a atitude recente da própria União Europeia para com Portugal. Atribuir tudo à actual liderança do PS seria "injusto" e "um erro trágico". "Seria falhar no diagnóstico e, falhando no diagnóstico, falha-se na terapia", enfatizou.

Desenvolvendo uma ideia avançada por outro comentador do programa, Pacheco Pereira, que considerou anómalo o bloqueio relativo entendimentos à esquerda na política portuguesa e que sustentou que António Costa terá que dizer claramente qual é a sua política de alianças e em que pontos está disposto a entender-se com PCP e BE, o visado lamentou que não exista uma "relação saudável" entre o PS e os partidos à sua esquerda. António Costa lamentou a "assimetria" entre a direita, que consegue coligar-se e criar soluções governativas, e a esquerda, que, por não conseguir fazê-lo, limita a possibilidade de oferecer alternativas e mudança efectiva aos eleitores.

A propósito, lamentou que o Bloco de Esquerda tenha, em seu entender, defraudado a expectativa daqueles que contavam que viesse "condicionar a acção governativa do PS mas também contribuir para a governabilidade" à esquerda e acusou o PCP de ter como estratégia isolar o PS, para o forçar a entendimentos à direita e assim poder dizer que os socialistas no poder em nada desta se distinguem.

 

Sugerir correcção
Comentar