Rolling Stones: estão a chegar “os velhinhos do rock’n’roll a tocar o verdadeiro rock’n’roll”

A poucas horas do concerto, o Parque da Bela Vista já está praticamente lotado. Não há aqui quem não esteja vestido a rigor. Não há aqui quem não espere pelos Rolling Stones.

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Os fãs dos Rolling Stones começaram cedo a chegar à Bela Vista AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA
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Mick Jagger a 26 de Maio num concerto dos Stones em Oslo AFP/TERJE BENDIKSBY

Ainda a noite está no seu início e os melhores lugares do Parque da Bela Vista, em Lisboa, já estão ocupados. Está já quase tudo a postos para ver Mick Jagger, Keith Richards e companhia, sete anos depois de cá terem estado pela última vez. Cantam Rui Veloso, aplaudem os Xutos e Pontapés, mas o que estas 90 mil pessoas, que esgotaram este segundo dia do Rock in Rio, querem mesmo são os Rolling Stones. Afinal, “eles é que são os maiores”.

Um desafio interessante para se fazer enquanto se espera pelas 23h45, hora em que os heróis Stones sobem esta quinta-feira ao palco, é contar o número de pessoas que não trazem para o Rock in Rio uma referência à banda. Avisamos já que são poucas, mesmo muito poucas. Já vimos mais vezes esta noite a icónica língua, logótipo da banda, do que a vimos no último ano. A língua está em todo o lado. Há o modelo clássico, o adaptado a Portugal (a língua é a bandeira nacional), o dourado, o prateado e até uma versão mais fashion com um padrão tigresa.

E quem, por acaso, não veio vestido a rigor já teve tempo de reparar o erro e comprar aqui uma t-shirt da banda. Nas lojas oficiais espalhadas pelo recinto, a procura é muita. Pais e filhos vestidos a rigor, casais a condizer. Hoje não é apenas mais um dia de Rock in Rio, mas sim o dia em que os Rolling Stones estão de regresso a Portugal e isso é mais importante do que os sofás insufláveis, as perucas ou os chapéus de palha — embora existam filas para conseguir tais lembranças.

Sofia Tavares e Carlota Vicente são mãe e filha e enquadram-se perfeitamente no quadro que já descrevemos. Com t-shirt igual dos Rolling Stones, passeiam-se pelo recinto do festival, enquanto não chega a hora do esperado concerto. Foi Carlota, de 11 anos, quem escolheu o dia para vir ao Rock in Rio e, se dúvidas existiram, no momento da decisão também passaram muito depressa.

“Gostava de ver a Lorde, que está cá no sábado, mas a ela terei ainda muito tempo para ver e aos Rolling Stones não sei”, diz-nos depressa, enquanto a mãe ri, orgulhosa. Foi com ela que Carlota começou a ouvir “estes velhinhos” e, por isso, não poderia ter melhor companhia para ver, pela primeira vez, os britânicos.

“Mas também queria que ficasse para a minha história que um dia vi os Rolling Stones, serão poucos os da minha idade a dizer isso”, continua a rapariga, para quem Mick Jagger e amigos são uns “fixes”. “São diferentes e eu gosto.”

Também com a família e vestido a rigor, pois claro, veio Jorge Dias, de Vila Franca de Xira. Há muitos, muitos anos que ouve os Rolling Stones, mas ainda não tinha tido a oportunidade de os ver. “É agora e ainda a tempo”, diz. “Eles ainda estão aqui para as curvas, energia não lhes falta.”

Não falemos então na possibilidade de este poder ser o último concerto da banda, com uma média de idades a rondar os 70 anos – ainda que há muitos anos se diga isto. “Nem pensar, não acredito”, diz Jorge Dias. E Lucinda Jácome, de 59 anos, dá-nos ainda uma pequena lição: “Sabe, em 2007, quando fui vê-los, dizia que aquele concerto podia ser o último e veja lá o que aconteceu depois disso.”

Não há força como a dos Rolling Stones, garante Lucinda, invejando a energia de Mick Jagger. “Já viu bem como ele se mexe? Pudera eu”, continua, avançando com toda a certeza que não sairá daqui desiludida. “Eles são bons de mais.”

Quem também não sairá daqui desiludido é Vítor Ferreira. Já viu os Rolling Stones três vezes e fez questão de juntar ao seu currículo mais este concerto. “Tem de ser, eles são os velhinhos do rock’n’roll a tocar o verdadeiro rock’n’roll”, diz este fã que, ao contrário de quase toda a gente, decidiu vir para o Rock in Rio com uma t-shirt dos Xutos e Pontapés. “À sua maneira são os nossos Rolling Stones e, por isso, também temos de apoiá-los, é preciso dar força aos portugueses”, explica, gabando-se de já ter perdido a conta ao número de concertos dos portugueses a que assistiu.

Os Rolling Stones estão a chegar ao palco e o espectáculo esgotou há duas semanas. Percebemos que o concerto está para começar quando, a cada minuto que passa, a cada palavra que escrevemos, o recinto fica cada vez mais cheio. Percebemos a força dos Rolling Stones também quando entretanto, mais de uma hora passada, passamos por Vítor Ferreira e vemos que substituiu já a t-shirt dos Xutos por uma nova dos Rolling Stones. É deles a noite desta quinta-feira.

 

 

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