Arranca este domingo o Rock in Rio Lisboa 2014 e não podia ter melhor anfitrião que Robbie Williams

O inglês é o cabeça de cartaz do primeiro dia de um festival que receberá até ao final da próxima semana nomes como Rolling Stones, Arcade Fire ou Justin Timberlake

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O cantor de Millenium regressa a Portugal onze anos depois para actuar num dia em que também veremos Ivete Sangalo, Paloma Faith ou Boss AC e Aurea Miguel Madeira

Dez anos se passaram desde o primeiro Rock In Rio Lisboa e, em essência, nada mudou. A edição 2014, que trará na próxima semana a Portugal Rolling Stones, Arcade Fire ou Justin Timberlake, arranca este domingo com Robbie Williams como cabeça de cartaz. Let me entertain you, canta ele. É o seu mote. É o mote do Rock In Rio Lisboa.

Quando em 2003 Robbie Williams actuou no então Pavilhão Atlântico não demorou a dizer ao que ia: “Let me entertain you!”, exclamou. Não era apenas o título de uma das suas canções mais célebres. É também o mote pelo qual se rege o cantor inglês que primeiro conhecemos enquanto membro dos Take That. Na altura do regresso a Portugal, esse mote continua a ser seguido à risca. E não haveria lugar mais adequado para o levar à prática do que o lisboeta Parque da Bela Vista, quando este, de dois em dois anos, se transforma na chamada “Cidade do Rock”. O Rock In Rio Lisboa partilha o mote com Robbie Williams: sempre entretenimento, tudo entretenimento.

A edição 2014 começa este domingo e, além do cantor de Milllenium (Palco Mundo, 22h), apresenta nos seus quatro palcos (o Mundo, que é o principal, o Vodafone, o EDP Rock Street e o Electrónica) nomes como o da brasileira Ivete Sangalo (Palco Mundo, 24h) e o da inglesa Paloma Faith (estética retro em batida moderna; Palco Mundo, 20h30), o encontro entre o hip hop de Boss AC e a soul de Aurea (Palco Mundo, 19h), o talento gira-disquista de DJ Ride (Palco Electrónica, 1h45), as canções pop de Silva (Palco Vodafone, 20h) ou o groove do Cais do Sodré Funk Connection (Palco Vodafone, 18h).

Há dez anos chegava a Portugal o Rock In Rio e, musicalmente, estreava-se em grande. Um Beatle, Paul McCartney, no palco principal, no primeiro dia da vida do festival em Lisboa. Há dez anos, estávamos em contagem decrescente para o início do Campeonato da Europa de Futebol realizado em Portugal e, no alinhamento de um cartaz que incluía Peter Gabriel, Sting ou Britney Spears, encontrávamos Ivete Sangalo e os Xutos & Pontapés. Dez anos depois, o bienal Rock In Rio Lisboa é, em números de público, o maior festival português, um verdadeiro fenómeno de massas com a música como chamariz (e a roda gigante, e o slide sobre o palco principal, e os sofás insufláveis oferecidos e avidamente procurados).

Uma década passada, Paul McCartney não regressou – mas teremos o privilégio de ver a mais icónica e influente banda britânica, paralelamente aos Beatles, os Rolling Stones (actuam dia 29 e os bilhetes já estão esgotados). Ivete Sangalo e os Xutos & Pontapés, totalistas de todas as edições, estão obviamente no cartaz (ela encerra hoje o palco principal; eles tocarão horas antes dos Rolling Stones a 29 de Maio). E até o futebol, neste caso a final da Liga dos Campeões disputada ontem em Lisboa, volta a estar nas proximidades.

Ponham-se as coincidências de parte, ultrapasse-se a sensação de déjà vu, constate-se a evidência: o Rock In Rio Lisboa, em essência, não mudou. Nem tinha de mudar: a ideia do festival como “experiência” onde a música é apenas parte da equação revelou-se um sucesso desde o início. De dois em dois anos, bastou olear a máquina. Ei-la, então, pronta para começar a carburar. Acontecerá às 16h, quando as portas do recinto abrirem, seis horas antes de o cabeça de cartaz deste primeiro dia, Robbie Williams, subir a palco para mostrar Swing Both Ways, o seu segundo álbum enquanto crooner modernaço que, enquanto alterna originais com versões de Irving Berlin ou do standard Dream a little dream, sonha com o Rat Pack de Sinatra e Dean Martin.

Dividido em dois momentos (depois do arranque com Robbie Williams, o festival retoma na próxima quinta-feira, prolongando-se até domingo), o Rock In Rio Lisboa 2014 inclui algumas meias surpresas, como a presença dos canadianos Arcade Fire (dia 31), epítome de banda indie na década passada, mas que se transformou com o passar dos anos num dos nomes mais célebres da música pop/rock do nosso tempo, ou dos Queens Of The Stone Age (dia 30), ícones com a aura de clássicos das eras gloriosas do rock’n’roll.

A organização do festival explicou desde o início que a programação das bandas em destaque se rege em grande parte pela vontade popular: contrata-se quem mais discos vende e quem o público mais pede (ou seja, ter os Arcade Fire e os Queens Of The Stone Age é, antes de mais, sinónimo do estatuto que as bandas ganharam nos últimos anos junto do grande público).

Para além deles, teremos Justin Timberlake, entertainer de eleição, com a responsabilidade de encerrar o palco principal na despedida do festival, dia 1 de Junho; veremos o que farão os Linda Martini, Gisela João, Deolinda e Rui Pregal da Cunha no concerto de homenagem a António Variações montado propositadamente para o festival (dia 31); receberemos, logo a seguir aos Queens Of The Stone Age, esses incrivelmente bem-sucedidos sobreviventes do nu-metal chamados Linkin Park; e, no palco Vodafone, no extremo oposto ao do palco principal, poderemos pôr-nos a par de alguma música, ainda não massificada, que vai fazendo o presente: é ali que ouviremos o R&B mutante, fascinante, dos Blood Orange de Dev Hines (dia 30), os britânicos Wild Beasts (dia 31) e Bombay Bicycle Club (1 de Junho), ambos alvo de um culto crescente, ou os portugueses Frankie Chavez (dia 29), Salto (dia 30), Capitão Fausto (dia 31) e Linda Martini (1 de Junho).

Nos 200 mil metros quadrados que ocupa o Rock In Rio Lisboa o frenesim é constante, como sabem os milhares e milhares que já por lá passaram em edições anteriores (a organização espera atingir este ano os dois milhões de espectadores). A atenção do público divide-se entre os concertos, as diversões montadas no local, as ruas construídas para simular outras paragens (haverá pedaços de Nova Iorque, Londres e Dublin no Parque da Bela Vista), as zonas comerciais e os stands dos patrocinadores que se desdobram em iniciativas para cativar a atenção do público.

Uma cidade de entretenimento que se abre a 90 mil pessoas por dia (é essa a lotação) durante cinco dias, entre as 16h e as 4h. Foi assim em 2004, na estreia, assim continuou a ser nas edições seguintes. Assim será até ao próximo domingo.

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