Sinapol acusa tutela de não ter ouvido sindicatos sobre nova farda da PSP

Sindicato diz que foi violada a Lei Sindical e de Negociação Colectiva da PSP.

Foto
As operações realizaram-se neste fim-de-semana Rui Gaudêncio

O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) contesta o anúncio de novo fardamento para a PSP, sem que as estruturas sindicais tenham sido ouvidas e “ignorando-se por completo o que é urgente alterar”, como os estatutos Disciplinar e Profissional e as remunerações dos profissionais. A estrutura sindical considera ainda que a cor escolhida “pode tornar o agente um alvo fácil”.

Na quarta-feira foram apresentadas as novas fardas para a PSP, que deverão substituir progressivamente o antigo fardamento entre 2015 e 2018, estando previsto que seja gasto por ano uma média de seis milhões de euros. O investimento total irá rondar os 18 milhões de euros.

Com novas cores mais claras, a imagem renovada foi criada com base no trabalho de uma especialista que estudou teoria da cor e é consultora de programas televisivos de entretenimento. O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, garantiu que as novas fardas não vão onerar os agentes, que viram recentemente aumentado o seu subsídio de fardamento.

O Sinapol afirma, em comunicado, que ficou surpreendido com a apresentação, mas que não é contra a “evolução nos uniformes da PSP, devidamente negociada”, e a “nova imagem pública da PSP”. Contesta, no entanto, que se tenha criado um plano de uniformes “sem ouvir as associações sindicais”, como prevê a Lei Sindical e de Negociação Colectiva da PSP no artigo 35.º, alínea h (“são objecto de negociação colectiva as matérias relativas à fixação ou alteração: […] das condições de higiene, saúde e segurança no trabalho”).

O sindicato critica que tanto as estruturas sindicais como os profissionais da PSP não tenham sido consultados sobre a nova imagem pública da polícia e que tenha sido escolhida esta altura “para proceder a gastos financeiros não urgentes, principalmente quando ao mesmo tempo se fazem cortes nos salários dos polícias e dos restantes funcionários públicos”.

Lamentando a perda de “energias, tempo e dinheiro, com renovações de imagem”, o Sinapool sublinha que há questões mais urgentes a tratar por parte do Ministério da Administração Interna como as remunerações dos polícias.

Fica ainda a crítica à contratação de uma empresa de consultoria para “‘vender’ uma cara lavada para o público em geral, sem nunca ter a mesma preocupação de também o fazer para dentro das suas próprias fileiras”.

Quanto às cores escolhidas para a nova farda, o Sinapol defende que o azul mais claro “pode tornar o agente de policia um alvo fácil”, além de o fardamento ter um aspecto igual ao dos funcionários da Empresa Municipal Parques de Loures, “o que já é criticado por mais de 90% dos polícias”.

Sugerir correcção
Comentar