Duplo homicida de Valongo dos Azeites fica preso

Juiz decreta prisão preventiva para Manuel Baltazar ao fim de interrogatório de hora e meia. Populares aplaudiram-no à chegada a tribunal.

Manuel “Palito” à chegada a tribunal
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Manuel “Palito” à chegada a tribunal Miguel Nogueira
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O suspeito foi detido na noite de quarta-feira depois de ter estado 34 dias em fuga Miguel Nogueira
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Centenas de curiosos juntaram-se nas imediações do tribunal onde o suspeito foi ouvido Miguel Nogueira

O homem suspeito de ter morto duas mulheres em Valongo dos Azeites e que andou 34 dias em fuga até ser capturado pelas autoridades vai aguardar julgamento em prisão preventiva. A decisão foi tomada ao final da tarde desta quinta-feira pelo juiz que ouviu Manuel Baltazar no Tribunal de São João da Pesqueira, após um interrogatório que durou cerca de hora e meia e em que o suspeito se manteve sempre em silêncio.

Manuel Baltazar andou fugido às autoridades durante 34 dias, até ser detido na quarta-feira à noite. A Polícia Judiciária (PJ) justificou nesta quinta-feira a estratégia seguida neste caso, argumentando que foi decisiva para capturar “vivo” o alegado homicida de Valongo dos Azeites.

À chegada a tribunal, o suspeito tinha à sua espera centenas de curiosos, que se manifestaram com aplausos e assobios numa aparente manifestação de apoio popular. A afluência de pessoas foi tal que a GNR se viu obrigada a delimitar a área.

Manuel Baltazar, também conhecido pela alcunha de “Palito”, foi detido na noite de quarta-feira quando se preparava para entrar na sua casa, em Trevões. O suspeito, de 61 anos, esteve 34 dias em fuga, após ter baleado mortalmente a ex-sogra e uma tia da ex-mulher, além de ter ferido a antiga companheira e a filha de ambos, em Valongo dos Azeites.

PJ: estratégia foi capturar suspeito com vida
Na conferência de imprensa desta quinta-feira, o inspector-chefe da unidade local da PJ de Vila Real, António Torgano, sublinhou que a operação de captura “teve dois objectivos”: “Garantir o sentimento de segurança à comunidade e capturar o suspeito com vida — repito, com vida — para o apresentar à Justiça”.

Já o comandante do Comando Territorial de Viseu da GNR, Eduardo Seixas, também presente na conferência de imprensa, destacou que a parte da operação que coube àquela força policial teve como objectivos a “deslocação para o terreno do efectivo policial considerado necessário” e a “limitação das manobras do suspeito” naquela área.

Na comunicação aos jornalistas — em que não houve direito a perguntas —, PJ e GNR não deram pormenores sobre a operação policial, mas fonte da Judiciária já tinha explicado ao PÚBLICO que a habitação do fugitivo estava sob vigilância remota. Os investigadores tinham instalado câmaras de videovigilância e detectaram a presença de Manuel Baltazar, tendo-o interceptado de imediato, pouco antes das 20h de quarta-feira. O alegado homicida, que estava armado com uma caçadeira, não ofereceu resistência.

As câmaras instaladas eram controladas remotamente pela PJ que as direccionava e recebia o seu sinal de vídeo num computador.     

Manuel "Palito", sublinhou fonte policial, acreditava que não estaria nenhum polícia por perto e que aquele local era seguro. O método usado apostou na discrição dos elementos da PJ. A maior visibilidade da GNR, que patrulhou a localidade intensamente garantindo a segurança da população, serviu de manobra de diversão para despistar a atenção do fugitivo, realçou a PJ. Fonte policial explicou ainda ao PÚBLICO que Manuel Baltazar aparentava estar mais magro e em estado debilitado.

Também hoje, a ministra da Justiça considerou que o facto de o suspeito ter cortado a pulseira electrónica depois de praticar os crimes — Manuel Baltazar estava sob vigilância e proibido de contactar a ex-mulher, no âmbito de um processo de violência doméstica — não coloca em risco a utilização deste mecanismo de vigilância.

Falando aos jornalistas no final da visita do ministro angolano do Interior, Ângelo Veiga Tavares, à nova sede da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, Paula Teixeira da Cruz disse que nestes casos podem acontecer sempre "vicissitudes" e preferiu sublinhar que a operação de captura "teve sucesso".

A ministra escusou-se ainda a comentar o facto de a detenção do foragido ter demorado mais de um mês, tanto mais que a operação para o localizar envolveu várias forças policiais e há elementos de que não dispõe, no âmbito da separação de poderes.

Quanto ao facto de o duplo homicida ser ouvido num tribunal que vai encerrar com o novo mapa judiciário, a ministra contrapôs que, se a reforma estivesse já em curso, haveria um Departamento de Investigação e Acção Penal e justiça especializada naquela região, e não um tribunal de competência genérica. com Lusa

 

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