Apatia marca eleições na Holanda

Segundo as sondagens, poderão votar menos do que os 30% que foram às urnas em 1999, o recorde de menor participação em eleições europeias.

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Geert Wilders quer libertar a Europa da "elite de Bruxelas" Reuters

A Holanda pode estar a receber a atenção da imprensa estrangeira por causa da popularidade de Geert Wilders, mas na Holanda, as eleições poderão ter a menor participação de sempre numas europeias: uma sondagem Ipsos diz que apenas 20% dos inquiridos planeia ir votar. O ponto mais baixo anterior foi em 1999, quando votaram apenas 30% dos eleitores.

Wilders ganhou (ainda mais) proeminência internacional com o anúncio de uma aliança com Marine Le Pen (ele que já tinha dito um dia que “pessoas como [Jean-Marie] Le Pen”, pai de Marine e fundador do seu partido, eram “horríveis”) para um bloco para libertar a Europa “da elite de Bruxelas”, esse “monstro”.

Mas apesar do entendimento, os partidos que se juntaram nesta potencial aliança (e que inclui ainda o austríaco FPÖ, a italiana Liga Norte, o nacionalista flamengo Vlaams Belang, entre outros) decidiram não fazer campanha juntos depois de algumas polémicas – desde a demissão de um candidato do FPÖ que classificou a UE como “um conglomerado de pretos” e comparou-a com o Terceiro Reich até, também, à tirada anti-marroquinos de Wilders, segundo a revista holandesa Vrij Nederland.

Segundo as sondagens, o PVV está com 16,6% dos votos, o que corresponde a cinco eurodeputados (um a mais do que em 2009), ligeiramente abaixo dos liberais Democratas 66, com 17,3% e o mesmo número de eurodeputados (sobe dos actuais três). Segue-se o partido conservador do primeiro-ministro Mark Rutte com 15,6% e quatro eurodeputados e os eurocépticos socialistas com 13,5% e quatro eurodeputados. O outro partido na coligação no Governo, o Partido Trabalhista, aparece apenas com 8,4% o que não corresponderá a mais do que dois eurodeputados.

Os socialistas não são a favor de uma saída da União Europeia mas defendem “uma Europa mais modesta” com “soluções europeias [apenas] para os problemas que não conseguimos resolver nacionalmente”. “Não estamos a avisar para nada que se vá passar no futuro – esta Europa já tem demasiadas característica de super-Estado” diz o eurodeputado socialista Harry van Bommel, citado no site de notícias EU observer.

Desde 2005, com a rejeição holandesa, em referendo, da Constituição Europeia, que a ideia do país como bastião da integração europeia se vem a desfazer. Há sondagens a mostrar que ainda que 45% dos holandeses sejam a favor da União Europeia, 37% desejariam que a Holanda saísse mesmo da União.  

Os partidos têm-se tornado geralmente mais críticos da União Europeia, mesmo os mais pró-europeus. “Os partidos mais responsáveis por mais integração têm-se tornado mais críticos da União Europeia”, diz Marianne Thieme, deputada do Partido dos Animais, que não tem deputados no PE e segundo as sondagens deverá continuar sem representação europeia. 

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