Luisão foi a figura do Benfica em Turim

Análise individual dos jogadores do Benfica, com notas de zero a 10.

Foto
Luisão Alessandro Garofalo/Reuters

OBLAK (7)
Tornou-se no primeiro esloveno a marcar presença na final da Liga Europa, no actual formato da competição. E fê-lo com a frieza e a fiabilidade que foi demonstrando ao longo da temporada. Há bolas que não chegam a ser um desafio para Oblak, mas há outras que é ele próprio que torna fáceis. Nas grandes penalidades, não teve o mesmo instinto de Beto. Mas seria demasiado pedir-lhe que fosse ele a decidir a final.

MAXI PEREIRA (7)
Começou como sempre, no lado direito da defesa, e cumpriu. Mas com a lesão de Sulejmani foi chamado a assumir a ala e, para um jogador que já não tem rotinas na posição, não se saiu nada mal. Esteve na cara do golo aos 45’ e fez um passe magistral a isolar Lima, logo no arranque do segundo tempo. Aos 71’, boa leitura de jogo e nova assistência para Lima. Obrigado a recuar para a posição original, voltou a mostrar segurança a defender e um coração que aguenta tudo.

A FIGURA: LUISÃO (7)
Esteve ao seu nível. Imperial no jogo aéreo e muito preciso no posicionamento, anulando todas as iniciativas de Carlos Bacca. Sempre atento às movimentações do colombiano, teve o cuidado de ganhar a maioria dos duelos logo na primeira acção, permitindo à equipa uma recuperação rápida de bola, que o Benfica raramente soube aproveitar para desenhar contra-ataques venenosos. Serviu de pronto-socorro sempre que foi preciso e comandou as tropas com a eficácia de sempre, naquele registo de treinador dentro do campo que Jorge Jesus lhe reconhece. No ataque, teve poucas ocasiões para mostrar serviço, limitando-se a um cabeceamento por cima da trave na sequência de um pontapé de canto. Mesmo nas grandes penalidades, não vacilou e ainda deu uma réstia de esperança aos adeptos.

GARAY (7)
É um central de classe mundial e aproveitou a final de Turim para voltar a gritá-lo alto e bom som. Tem um sentido posicional invejável e as rotinas de jogo que lhe permitem trabalhar praticamente de olhos fechados com Luisão. Nem Bacca, nem Reyes, nem depois Kevin Gameiro conseguiram superá-lo. E ainda esteve perto do golo em duas ocasiões, com um cabeceamento e mais tarde um remate no centro da área que saíram por cima da trave. Não se lhe podia exigir mais.

SIQUEIRA (6)
Arriscou um pouco mais na primeira parte, com duas descidas pelo corredor. Mas acabou por ver um amarelo e refreou um pouco os ânimos na segunda, até porque as investidas de Coke e de Reyes o obrigaram a maior trabalho defensivo. Foi caindo vertiginosamente de rendimento à medida que o relógio avançava e saiu, esgotado, já no arranque do prolongamento. Defensivamente, esteve ao seu nível. Mas no ataque não desequilibrou como noutras ocasiões.

RÚBEN AMORIM (5)
Fez um início de jogo nervoso, unicamente com a intenção de não comprometer. Quando se lhe pediu um pouco mais, quando se lhe pediu que pegasse nas rédeas da equipa para iniciar as acções ofensivas, esteve uns furos abaixo do habitual. A excepção foi aquele passe magistral a isolar Maxi Pereira, no final do primeiro tempo. Mas foi pouco, muito pouco para um meio-campo que à capacidade de combate nunca foi capaz de acrescentar uma centelha de criatividade.

ANDRÉ GOMES (6)
Não é um jogador que coloque muita intensidade no jogo, mas tem critério e a serenidade necessária para iniciar a primeira fase de construção. No primeiro tempo, esteve um pouco trapalhão, a perder bolas fáceis que, por vezes, deixavam a equipa exposta. No segundo, entrou com mais personalidade e carregou mais o jogo para o ataque. Correu muito, teve dois remates desinspirados por cima da trave e fechou a noite com cãibras.

SULEJMANI (6)
Não tem sido primeira nem segunda opção durante grande parte da temporada e tinha uma oportunidade de ouro, num palco privilegiado, para mostrar atributos. Foram dele duas das arrancadas mais perigosas do Benfica no arranque da partida, mas à custa de uma delas embateu com o ombro no chão, após falta de Moreno, e saiu lesionado, aos 24’. Foi pena. Num sector onde a equipa já estava carenciada, o problema agravou-se.  Sulejmani vai ter de esperar por melhores dias.

GAITÁN (5)
Mais decisões e passes precipitados do que é habitual. É verdade que corre mais riscos que os colegas, porque tenta sempre tirar um coelho da cartola, mas as coisas não lhe saíram bem. Nem as tradicionais diagonais com a bola colada ao pé, nem os passes rectilíneos que põem o ataque a mexer. Quando Gaitán não brilha, o Benfica é menos Benfica no último terço do terreno. E este Benfica, sem Enzo, Markovic e Salvio, precisava do melhor Gaitán para chegar ao título.

RODRIGO (5)
Foi dos jogos mais discretos que fez nesta época. Porque nunca foi servido nas melhores condições, é verdade, mas também porque Nico Pareja, sobretudo ele, deu bem conta do recado. A mobilidade que lhe é reconhecida e a forma como baralha a marcação dos defesas desta vez não se fizeram sentir. E o ataque “encarnado” ressentiu-se. Não foi por falta de trabalho ou de empenho que não esteve ao seu nível, foi por mérito do adversário.

LIMA (5)
Aos 48’, teve nos pés uma oportunidade de ouro para inaugurar o marcador, mas dominou de forma imperfeita e perdeu ângulo de remate. Aos 71’,nova ocasião, desta vez esbanjada com um pontapé na atmosfera. Aos 84’, veio ao de cima o melhor de Lima, com um remate espontâneo de fora da área que Beto transformou na defesa da noite. Mas já tinha falhado demasiado para um jogo deste calibre. Haveria de marcar de grande penalidade, mas foi curto para as aspirações do Benfica.

ANDRÉ ALMEIDA (6)
Missão ingrata. Primeiro entrou para o lado direito da defesa, quando Sulejmani saiu por lesão. E cumpriu com eficácia, nunca permitindo grandes veleidades a Vitolo, um dos meninos-bonitos da afición do Sevilha. No início do prolongamento, passou para o flanco contrário, para compensar a saída de Siqueira. Sentiu dificuldades quando o Sevilha lhe lançou uma bola para as costas, mas foi um lance isolado. É um tapa-buracos eficaz e as grandes equipas também precisam deles.

CARDOZO (4)
Entrou aos 9 minutos do prolongamento na esperança de poder usar o poderoso pé esquerdo que se lhe conhece mas nunca teve oportunidade para isso. A pouca utilização ao longo dos últimos meses retira ainda mais capacidade de reacção e de combate a um jogador de características diferentes das de Lima e Rodrigo. Depois, quando se lhe exigia o mínimo – e o mínimo para um especialista em bolas paradas é que marque um penálti no momento decisivo – espalhou-se ao comprido.

IVAN CAVALEIRO (-)
Entrou a dois minutos do fim do prolongamento para fazer figura de corpo presente. Teve tempo apenas para discutir uma bola no flanco esquerda e pouco mais. Se a sua velocidade teria feito mossa num Sevilha já muito desgastado na etapa suplementar? Nunca viremos a saber.

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