Dirigentes da EGEAC solidarizam-se com colega afastada da Casa Fernando Pessoa

Administração da empresa municipal tenta afastar técnica superior que pediu inquérito ao que se passava na Casa Fernando Pessoa.

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Inês Pedrosa, directora artística da Casa Fernando Pessoa, demitiu -se do cargo no final de Abril Rui Gaudêncio

Dez dos 16 directores, gestores e coordenadores de serviços da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural da Câmara de Lisboa (EGEAC) solidarizaram-se na semana passada com a directora executiva da Casa Fernando Pessoa (CFP), Carmo Mota, que a administração da empresa quer afastar.

A decisão de fazer cessar a comissão de serviço daquela técnica superior surge na sequência de um inquérito interno cujas conclusões são desconhecidas, mas que foi aberto a seu pedido para esclarecimento de várias irregularidades detectadas na Casa Fernando Pessoa, entidade tutelada pela EGEAC.

Entre essas situações, que o Ministério Público está a investigar, encontram-se vários contratos num total superior a 20 mil euros, parte dos quais celebrados directamente com o designer Gilson Lopes, cuja empresa funciona em casa de Inês Pedrosa, a directora artística da CFP que se demitiu do cargo no final de Abril.

Na sequência da publicação de declarações de Gilson Lopes que atribuíam a iniciativa da sua contratação à directora executiva — que na prática dependia de Inês Pedrosa —, a visada, que já antes alertara a direcção da EGEAC para o que se passava na CFP, pediu o apuramento de responsabilidades.

De acordo com os dados disponíveis, esse inquérito está a servir apenas para afastar das suas funções aquela técnica camarária, que estava na CFP em comissão de serviço, saindo Inês Pedrosa com a justificação, também difundida pela empresa, de que se vai embora porque tem outros projectos pessoais.

Na carta que agora dirigiram à administração, os dirigentes da EGEAC lamentam a “desconsideração” a que parecem votados pelo facto de não lhes ser dada qualquer informação sobre os motivos do afastamento de Carmo Mota, mas sublinham que se trata de uma colega por quem nutrem “indiscutível respeito e solidariedade” e que sempre dedicou à EGEAC “inquestionáveis provas de lealdade e competência”.

Os dez signatários do documento afirmam que perspectivam “eventuais desenvolvimentos ainda mais desagradáveis e prejudiciais para a empresa“ e para os seus trabalhadores, os quais “deverão ser evitados a todo o custo”.

O PÚBLICO pediu há duas semanas informações à EGEAC relacionadas com as conclusões do inquérito realizado no interior da empresa, mas a administração limitou-se a referir que Inês Pedrosa rescindiu o contrato pelas razões "apresentadas publicamente pela própria". O PÚBLICO tem tentado ouvir Carmo Mota, mas não foi possível contactá-la.

 

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