“Nesta final, o que eu gostava era de estar na bancada com a família a puxar pela equipa”

José Castro está na presidência do Sevilha desde Janeiro deste ano e tem um discurso ambicioso para a final de Turim e para o futuro a médio prazo do clube andaluz.

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José Castro é presidente do Sevilha desde Janeiro deste ano Sevilha FC

José Castro Carmona, 55 anos e sócio n.º 689 do Sevilha FC, saltou para a presidência do clube andaluz em Janeiro deste ano, depois da destituição de José Maria del Nido, condenado a sete anos de prisão pelo seu envolvimento num processo de corrupção no Município de Marbella que ficou conhecido como o “Caso Minutas”. Carmona não renega a herança do seu antecessor (e amigo), que liderou o clube nas suas maiores conquistas das últimas décadas, e diz ao PÚBLICO que o Sevilha está preparado para mais uma conquista europeia.

Está há poucos meses na presidência do Sevilha e já vai a uma final europeia...
É mais importante para o Sevilha do que para mim. Podemos chegar a um terceiro título europeu.

Pensava que o Sevilha podia chegar à final quando assumiu a presidência?
Este ano o Sevilha teve uma grande transformação em termos de entradas e saídas. Estabelecemos um prazo de três anos para tentarmos conquistar títulos, tentar conseguir algo importante. A equipa é muito jovem, mas temos grandes jogadores. Pelos vistos, na parte desportiva, saímo-nos bem. A três jornadas do fim, já estamos qualificados para jogar na Liga Europa do próximo ano, provavelmente com o quinto lugar e sem precisar de ir a uma pré-eliminatória. O que fizemos este ano é fantástico. E estar numa final europeia é muito importante para nós, depois de termos ganho em 2006 e 2007. E estamos fixos nas competições europeias, onde temos estado de forma consecutiva nas últimas 11 temporadas.

Pode ser um bom final para uma temporada que não começou bem…
Sim, esperemos que seja um final feliz. Houve muitas mudanças e estamos felizes com o que fizemos. A equipa foi de menos a mais, em percurso ascendente e acredito que é capaz de fazer mais qualquer coisa. E não esquecer que houve uma simbiose muito importante entre os adeptos e a equipa. Nos piores momentos da época, os adeptos estiveram sempre com a equipa. Acredito que isto será um argumento muito importante para tentar ganhar esta final.

Que pode fazer o Sevilha nesta final contra o Benfica?
Como é evidente, tenho todo o respeito pelo Benfica, que é um rival de peso, que tem muitos títulos. Mas também muitas finais perdidas. A verdade é que, para perder finais, é preciso lá chegar. Respeitamos o rival, mas estou confiante em que o Sevilha vai conquistar este título. Fizemos uma boa prova.

Estão a ser uns primeiros meses de presidência muito intensos…
Sem dúvida, em todos os sentidos. O início de uma nova gestão é sempre assim, não só no aspecto desportivo, em todos os sentidos. Muda sempre muita coisa. O trabalho tem sido muito, mas bendito o problema de estarmos numa final.

Como foi passar da sombra para a ribalta, depois de tantos anos como vice-presidente?
Levo muitos anos no clube, fazendo parte de uma sociedade que se chama Sevilhistas de Nervion, que tem a maioria das acções, com os dois anteriores presidentes. Faço parte dessa sociedade. É uma mudança, mas já tenho a experiência de muitos anos, sei como funciona o clube, conheço as idiossincrasias da casa, para mim é mais fácil do que seria para outros. Foi uma transição tranquila. Sabia desde o primeiro momento que mudaria o presidente, mas não iria mudar mais nada. A equipa só tinha de se preocupar em jogar e eu tratava do resto. Não podia ser de outra maneira. O clube já tem muitos anos e as nossas estruturas são sólidas.

Como é a relação com o anterior presidente?
Muito boa. É meu amigo. Sinto muito pelo que ele está a passar, mas espero que este problema com a justiça desapareça. Somos amigos há muito tempo, ambos fazemos parte desta sociedade e o seu filho é meu vice-presidente. Somos uma família.

Mas ele está preso…
São problemas pessoais dele, não quero falar sobre isso. Tem todo o meu apoio e não podia ser de outra maneira.

Economicamente, como está o clube?
Estamos num momento tranquilo. Não nadamos em dinheiro, mas não temos problemas. Há uma estrutura sólida, sabemos que receitas temos e o que podemos gastar. Não fazemos loucuras. As loucuras trazem sempre problemas e vê-se pelo número de clubes que estão na falência. Isso não vai acontecer no Sevilha. A crise afecta tudo e o futebol não escapa. Temos de ser sérios e rigorosos com o dinheiro. A sociedade tem de funcionar como um relógio.

O Sevilha está obrigado a ser um clube vendedor?
Repare, em Espanha há um problema. A divisão das receitas televisivas é desigual, tirando os dois primeiros, todos os outros estão obrigados a vender jogadores para cumprirem as suas responsabilidades. Nós estamos bem, fazemos boas compras e boas vendas, sendo o mais ambiciosos possível.

O Sevilha tem uma equipa jovem, mas com muitos jogadores bastante valorizados, como Rakitic, Bacca. Alguém vai sair?
Isso dirá o mercado. Não temos necessidade de vender. Só venderemos se tivermos ofertas muito boas. Mas não estamos a pensar vender nenhum jogador. Queremos fazer uma equipa que dê boas tardes de futebol aos nossos adeptos.

Gostaria de voltar a ser um adepto normal?
Sem dúvida. Nesta final, o que eu gostava era de estar na bancada com a minha família a puxar pela equipa. Mas pronto, estou onde estou e não me queixo.

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