Hollande tenta centrar a campanha na Europa

“Para François Hollande, 25 é dia de eleições presidenciais”, escreveu o correspondente do diário Libération em Bruxelas, Jean Quatremer.

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Hollande quer aumentar o interesse dos franceses pelas eleições europeias JOHN THYS/AFP

As eleições para o Parlamento Europeu têm uma forte componente interna. Já não é só Marine le Pen, da Frente Nacional, a dizer que Hollande deve dissolver o Parlamento caso o seu partido vença as eleições; François Fillon, antigo primeiro-ministro da União para um Movimento Popular, também disse que a “legitimidade democrática” do Presidente ficaria em jogo em caso de derrota eleitoral a 25 de Maio.

Mas Hollande está a tentar centrar a campanha no que está em causa: temas europeus. E o Presidente francês tornou-se o primeiro chefe de Estado a dizer claramente que aceita que a escolha do próximo presidente da Comissão Europeia seja feita pelos eleitores que votam nas eleições do Parlamento Europeu e não pelos outros chefes de Estado e Governo. É a isto que a frase do correspondente do Libé se refere.

A apresentação, pela primeira vez, de candidatos dos principais grupos políticos que se candidatam ao Parlamento Europeu tem sido um modo de este clamar legitimidade democrática a uma estrutura de poder europeia vista pelos cidadãos como longínqua. Assim, dar-se-ia aos eleitores a possibilidade de se pronunciarem sobre o cargo de presidente da Comissão. Mas vários políticos europeus – Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, por exemplo – já disseram que a prerrogativa continua a ser do Conselho, e analistas dizem que face ao possível empate entre os populares e socialistas, será escolhido um candidato de compromisso, como foi Durão Barroso.

Hollande tenta aumentar o interesse dos franceses nas europeias numa altura em que o seu partido ocupa um desastroso terceiro lugar nas sondagens e, mais preocupante, a Frente Nacional, que já anunciou uma aliança de eurocépticos com o holandês Geert Wilders, e redireccionar o debate para temas europeus, evitando que as eleições sirvam (e é o que acontece habitualmente) para castigar os governos com votos de protesto (que aumenta sempre nas europeias pois os eleitores tendem a vê-las como eleições com menos efeitos, escolhendo assim partidos que poderiam achar demasiado radicais para escolher em eleições legislativas, por exemplo).

No artigo de opinião no diário Le Monde, Hollande tenta dramatizar o afastamento da União Europeia – “sair da Europa é sair da História” – e diz que esta é ameaçada pelos que “fazem especulação com a desilusão” das pessoas. 

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