Planos deliberados que enchem o inferno

Plural de “intenção”, que significa “propósito”, “intento”, mas também “aspiração”, “desejo”, “desígnio”. Ou ainda “plano deliberado”. 
Quando se tem “tenção” de dar a conhecer as “intenções”, pode-se fazê-lo oralmente e/ou por escrito. A “intenção” deste texto, por exemplo, é falar da “carta de intenções” que o Governo estará a escrever para o FMI, depois de ter decidido a chamada “saída limpa” do processo de resgate. Na quarta-feira, a carta ainda não estava “finalizada”, segundo o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. Mas, de acordo com o mesmo governante, não conterá qualquer novidade: “Reflecte aquilo que as pessoas já conhecem.” Ou seja, “o Documento de Estratégia Orçamental” e “os compromissos relativamente à 12.ª avaliação”. O PS pediu mais esclarecimentos sobre o conteúdo da missiva, mas Passos Coelho, o primeiro-ministro, garantiu também que nada de novo ali estaria registado. Por conseguinte, não haverá por parte do Governo “segundas intenções” na não divulgação da carta antes de ser enviada aos credores. Traduzindo-se “segundas intenções” por “propósito que se não diz, que fica reservado, contrário ao que é aparente”. 
A locução “na melhor das intenções” é comum na língua portuguesa e usa-se para “exprimir a candura, a pureza, a falta de ruins propósitos com que se faz alguma coisa”. Exemplo: “Fui lá na melhor das intenções.”
E é sabido o lugar que de “boas intenções” está cheio: o inferno. Portugal também. 

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