Amadora apresenta Plano Local de Saúde para os próximos quatro anos

Documento pretende vir a diminuir a taxa de infecção e a mortalidade no concelho, que se apresentam elevadas em relação à média.

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Rui Gaudêncio

Três patologias oncológicas (colo do útero, cólon e recto e mama), diabetes, tuberculose e VIH/sida são as seis prioridades identificadas no Plano Local de Saúde da Amadora, apresentado nesta segunda-feira à comunidade.

O documento "visa, ao nível da saúde pública, determinar as prioridades e os objectivos a atingir, fornecer orientações estratégicas e valorizar os principais determinantes da saúde, contribuindo para a melhoria do estado da saúde da população da Amadora", salienta a presidente do município, Carla Tavares (PS), no sumário executivo do PLS.

O grupo de trabalho identificou 11 problemas de saúde e ordenou seis como prioritários: cancro do colo do útero, cancro do cólon e recto, cancro da mama, diabetes "mellitus", tuberculose e VIH/sida (vírus da imunodeficiência humana/síndrome de imunodeficiência adquirida).

A saúde da criança, a saúde mental, as doenças cérebro-cardiovasculares, a violência e a qualidade de serviços de saúde ficaram de fora das prioridades.

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Amadora contabilizava, em Janeiro de 2013, um total de 202.834 utentes inscritos, dos quais 24% sem médico de família, situação que, conclui o PLS, "pode configurar uma barreira de acesso aos cuidados primários de saúde".

O Hospital Fernando da Fonseca, que serve Amadora e Sintra, regista por ano mais de 250 mil casos de urgência e mais de 50 mil internamentos.

As mortes por cancro do colo do útero antes dos 65 anos "são seis vezes superiores" na Amadora aos valores nacionais. Em 2013, apenas 29,8% das mulheres em idade reprodutiva fizeram rastreio.

O PLS assume o objectivo do aumento para 85% da vacinação contra o vírus do papiloma humano, a subida do rastreio para os 60% e redução da mortalidade para 11,4/100.000 habitantes.

A mortalidade por cancro do cólon e recto é também superior à média do país (9,2 contra 8,5) e o rastreio fica em 28,7%. O plano defende até 50% de rastreios, a referenciação genética e a diminuição da mortalidade para 7,25.

As mortes por cancro da mama são as mais elevadas no país. Nos próximos quatro anos o PLS quer aumentar o rastreio até aos 60% e reduzir a mortalidade para 30,1.

No quarto lugar das prioridades, o plano aponta para o reforço dos meios de diagnóstico da diabetes "mellitus", o aumento da referenciação aos cuidados de saúde secundários e do rastreio de retinopatia diabética.

Os casos de tuberculose na Amadora subiram de 41,8 (2011) para 45,4 (2012), superando os 27,5 e 27,7 na região de Lisboa e Vale do Tejo. Além de acções sobre grupos vulneráveis (migrantes e sem-abrigo), o plano propõe-se baixar a taxa para 35.

O Plano Local de Saúde (PLS) da Amadora 2014-2016 foi elaborado por serviços de saúde, técnicos sociais, organizações não-governamentais, grupos de utentes e autoridades de segurança e judiciais. 

A incidência de VIH na Amadora atingiu 27,5 em 2012, contra os 10,7 em Lisboa e Vale do Tejo. Em 2009/10 registaram-se 490 novos casos de VIH, dos quais 57% com sida.

As metas consistem na redução de novas infecções para 18,2, na diminuição para 35% dos diagnósticos tardios e na redução da mortalidade para 6,4/100.000 habitantes.

Carla Tavares nota que, perante escassos recursos, "só um trabalho conjunto e integrado, englobando o maior número de instituições comunitárias, permitirá intervenções que promovam um maior nível de saúde" da população.

Teresa Machado Luciano, directora do ACES da Amadora, acredita que em 2016 se estará melhor nas prioridades escolhidas e em condições de "construir o novo PLS com a ajuda de todos".

Na divulgação pública do PLS, nos Recreios da Amadora, será apresentada a estrutura de governação do plano e os gestores de problemas prioritários de neoplasias, diabetes, tuberculose e VIH/SIDA.

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