Catroga preferia “programa cautelar leve”

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Eduardo Catroga negociou o programa de resgate em nome do PSD Miguel Manso

O economista Eduardo Catroga considerou neste sábado, em declarações à Lusa, que a saída de Portugal do resgate financeiro sem programa cautelar era previsível, e reiterou que preferia que tivesse sido com um "programa cautelar leve".

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou neste sábado que Portugal vai sair do actual programa de resgate financeiro sem recorrer a qualquer programa cautelar, regressando autonomamente aos mercados.

"Esta decisão do Governo era previsível já nas últimas semanas", disse Eduardo Catroga, sublinhando que sublinhou o esforço "dos portugueses, das famílias, dos trabalhadores, dos pensionistas e das empresas portuguesas" para alcançar os objectivos do programa de assistência económica e financeira.

Catroga reiterou a defesa de uma saída da ajuda externa acompanhada de um programa cautelar leve. "Preferia um programa cautelar leve, fruto das circunstâncias externas e internas não é esse o caminho, mas sempre disse que vamos continuar, com certeza, com o apoio dos nossos parceiros para minimizar riscos futuros, riscos externos, riscos internos", disse.

"Preferia ter um seguro, uma rede de segurança formal", mas "é natural que venhamos a ter apenas, neste contexto, como teve a Irlanda, uma declaração de princípio de apoio dos nossos parceiros", acrescentou.

Catroga considerou que a saída "com ou sem programa cautelar", bastante debatida nos últimos tempos, resultou numa "questão política emotiva, mas lembrou que apesar da saída “limpa”, tendo em conta a situação financeira portuguesa e a necessidade de rigor nas contas públicas, "não haverá muitas diferenças de políticas".

Lembrou que atingir os objectivos do programa de ajuda externa "era essencial nesta fase" para a recuperação da credibilidade externa do país, mas sublinhou que a saída da troika "é apenas o princípio do início de um processo de recuperação" da autonomia financeira de Portugal.

"Vai demorar anos em função dos desequilíbrios que há ainda que corrigir em termos de garantir a sustentabilidade da dívida portuguesa", quer pública, quer privada, já que foi criado "um cancro" como resultado de "15 anos de más políticas", as quais não se resolvem em dois a três anos.

Apesar de "todas as dificuldades, de algumas deficiências de concepção do programa inicial, de alguns erros de execução, penso que percorremos, como colectivo, o conjunto dos portugueses, um caminho difícil, mas não tínhamos alternativa", concluiu o economista.

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