E se, de repente, o Irão comprar 400 aviões a empresas ocidentais?

Décadas de sanções significam necessidades urgentes no sector: as quatro maiores transportadoras iranianas têm frotas com uma média superior a 22 anos.

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A Boeing seria provavelmente uma das mais beneficiadas Stephen Brashear/AFP

Impedido pelas sanções de comprar aviões ocidentais desde os anos 1970, o Irão reprimiu tanto as compras neste sector que agora precisa de 400 aviões novos. O anúncio, do principal responsável pela aviação de Teerão, abre a porta a negócios de milhares de milhões para construtoras como a Airbus e a Boeing.

O país viu aliviadas de forma considerável as sanções que lhe eram impostas quando aceitou limitar as suas actividades nucleares durante seis meses, ao abrigo de um acordo em vigor desde Janeiro. O levantamento total das sanções só acontecerá com um acordo global que ponha fim às divergências que se arrastam há uma década sobre um programa nuclear que os iranianos garantem ter como único objectivo a produção de energia.

“As transportadoras iranianas estão prontas para comprar 40 aviões de passageiros todos os anos durante uma década se as sanções forem levantadas”, diz Ali Reza Jahangirian, chefe da Organização da Aviação Civil do Irão, citado esta quinta-feira pelo jornal Ettelaat.

O número de 400 aviões confirma as estimativas noticiadas pela Reuters em Novembro, depois de uma conversa com um responsável iraniano.

A Boeing e a Airbus, que receberam encomendas para mais de 2800 aviões ao longo de 2013, seriam provavelmente os líderes na batalha pelos negócios com o Irão. A canadiana Bombardier, a Embraer do Brasil e a russa Superjet também teriam boas hipóteses de assegurar encomendas para os pequenos aviões que produzem com os fabricantes de motores GE Aviation e Rolls-Royce.

Segundo Jahangirian, dos 250 aviões comerciais que existem no Irão só 150 estão a voar – os restantes “não estão funcionais” por falta de peças de substituição. “Tivemos sinais muito positivos de empresas ocidentais, incluindo a Boeing e a General Electric (GE) sobre a possibilidade de conseguirmos peças novas para os nossos aviões”, afirma.

Com o acordo que agora vigora sobre o nuclear, já é possível às empresas venderem um número limitado de peças para aviões comerciais e de serviços ao Irão. A GE conseguiu a aprovação do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos para fazer a manutenção de 18 motores vendidos ao Irão no fim dos anos 1970.

As quatro maiores transportadoras aéreas iranianas – Iran Air, Iran Aseman Airlines, Mahan Air e Iran Air Tours – têm frotas com uma média superior a 22 anos. Servem um mercado de 76 milhões de pessoas, num país onde as vastas reservas de petróleo e de gás podem atrair empresas estrangeiras quando as sanções forem levantadas.

O Presidente, Hassan Rouhani, foi eleito o ano passado com a promessa de melhorar as relações do Irão com o mundo, e já convidou as empresas ocidentais a aproveitarem as oportunidades de investimento nos países islâmicos. O Irão tem repetido que quer alcançar um acordo sobre o nuclear que permita ao país lidar com os muitos problemas que enfrenta a sua economia.

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