Rio lembra que a dívida do país era menor à chegada da troika

Ex-autarca do Porto prefere que Portugal saia do programa de assistência com um programa cautelar, para não ficar à mercê dos mercados.

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Rui Rio

O ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, defendeu nesta quarta-feira a saída de Portugal do programa de assistência financeira com um programa cautelar, por uma questão de “prudência” e, sobretudo, para evitar que o país volte a ficar à mercê da "irracionalidade" dos mercados.

O economista comparou a situação do país à de um doente prestes a sair “dos cuidados intensivos, com uma dívida pública maior do que aquilo que era quando a troika entrou, e que vai ser lançado para mercados que diziam que a dívida pública era muito elevada quando ela era menor do que aquilo que é hoje".

Por isso, e por constatar que o comportamento dos mercados se tornou mais irracional nas últimas décadas, o ex-autarca insistiu que Portugal deve sair do programa de assistência com “uma rede” qualquer: "Chamem-lhe 'programa cautelar', chamem-lhe o nome que chamarem, mas com rede", enfatizou, depois de, recorrendo a outra metáfora, se ter referido à chamada “saída limpa” como ao largar de "um barquinho pequenino a remos no meio do oceano".

À margem de uma conferência sobre a Reforma do Estado, promovida pela Juventude Popular em Matosinhos, Rui Rio disse aos jornalistas que até admitia que o programa cautelar fosse também a opção preferida por elementos do actual Governo e que estes, porém, não conseguissem fazê-la prevalecer junto das instâncias internacionais. “Também não estou a dizer que eu conseguiria”, ressalvou.

Quanto à reforma do Estado, Rio reiterou que são precisas reformas profundas para salvar o regime democrático, nomeadamente para tornar a Justiça eficaz e para contrariar a desconfiança crescente dos eleitores face à classe política. Para Rio, a prova de que o problema é mesmo de regime é que já se comprovou que não adianta trocar de políticos, que o problema se mantém.

Questionado se incluía nas causas de desconfiança da classe política as medidas apresentadas horas antes pelo Governo, no âmbito do Documento de Estratégia Orçamental – medidas que a oposição sublinhou contrariarem as promessas feitas há 15 dias pelo primeiro-ministro e pela ministra das Finanças, de que não passariam por mais impostos nem cortes nas pensões -, Rio disse não poder responder. "Saí do escritório às 20h30, não sei minimamente. Se soubesse, também não sei se comentaria ou não”, confessou, admitindo contundo que as medidas anunciadas não lhe são indiferentes. “Amanhã vou cuidar de saber com atenção, até porque provavelmente me entram no bolso".

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